Actualmente, deparamos-nos com uma situação económica insustentável: as desigualdades económicas agravam-se, o comércio interno decai e cada vez mais há razões para acreditar que as exportações vão ser o principal motor da economia nacional. Em Janeiro de 2014, as exportações cresceram 2,3% relativamente ao mesmo mês de 2013. Estas representam hoje em dia cerca de 41% do produto interno bruto (PIB), apresentando a maior taxa de crescimento de países comparáveis na Zona Euro. À excepção do sector automóvel que recuou cerca de 5,3%, praticamente todos os sectores apresentaram uma evolução favorável, salientando-se o sector do calçado, que tem sido uma das causas mais notórias no aumento das exportações.
As exportações do calçado português conheceram um processo de expansão gradual a partir da década de 70, e só no primeiro trimestre de 2014 atingiram 481,3 milhões de euros (segundo o INE, houve um aumento de 10,1% face ao trimestre de 2013). De 2008 até 2013, registaram um crescimento acumulado de 29,6% (comparando ao ano anterior, as exportações do sector aumentaram 7,9%, enquanto a totalidade das exportações de bens aumentou 4,7%). Este sector tem dado enfase às exportações lusas depois do mesmo ter perdido peso relativo durante décadas. Embora a tecnologia já não seja suficiente para assegurar a vantagem competitiva de Portugal, a criatividade, a exclusividade, a excelência, a jovialidade, a contemporaneidade, a qualidade e a inovação são os factores que mais entusiasmam os consumidores a preferir calçado português.
A Europa tem um gosto ‘especial’ pelos sapatos portugueses, no entanto, nos últimos anos, os habitantes provenientes de outros continentes demonstraram um interesse pelos nossos sapatos nunca antes visto. Se em 2008 os mercados fora da Europa concentravam apenas 7% do valor das exportações em calçado português, em 2013 o seu peso aumentou para 12,8%, sendo os russos e os norte-americanos os que mais compram sapatos ‘’made in’’ Portugal. Ainda assim, França, Alemanha e os Países Baixos, a Espanha e o Reino Unido continuam a ser os tradicionais países de destino do calçado nacional (no seu conjunto, concentravam 73,2% das exportações), sendo a França o principal cliente do calçado português e estando a Alemanha classificada como segundo maior mercado importador de calçado português.
É de realçar que a balança comercial do calçado apresenta excedentes: em 2008 apresentou um excedente de 906,4; e em 2013 aumentou para 1310,9 milhões de euros. Com as vendas ao estrangeiro a subir e as compras a descer, podemos afirmar que o excedente do calçado foi um dos mais significativos em termos de transacções de produtos no comércio internacional.
Em suma, a inovação deve ser uma das prioridades estratégicas da indústria portuguesa de calçado, não apenas ao nível do produto, mas também ao nível da tecnologia e do modelo de negócio. Esta deve responder a múltiplos desafios, tais como a valorização e diferenciação do produto, responder às tendências da procura, adaptação do produto ao mercado-alvo, manutenção de padrões de qualidade e minimização das desvantagens com que a indústria portuguesa se debate face a concorrentes cujos custos de produção são mais vantajosos. Sendo a exportação um factor importantíssimo para a reabilitação da economia, contribuindo para uma visão mais positiva do futuro, Portugal deveria apostar ainda mais nestas exportações onde a balança comercial apresenta um saldo positivo.
Ana Marta Guise Abreu
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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