segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Trabalhar ou estudar?

Já lá vão dois meses desde o início do ano letivo, contudo para alguns alunos que acabaram o secundário em julho deste ano, o mês de setembro fui uma realidade diferente a dos outros, uma vez que decidiram enveredar pelo caminho do trabalho e encerrar por agora os estudos. No entanto, se nesta década os alunos se depararam com a questão ”Trabalhar ou Estudar?” ao fim do secundário, os alunos de há uns anos atrás questionavam-se sobre essa matéria ao fim do 3º ciclo, ou, se avançarmos ainda mais para o passado, a perguntaria seria “Vale a pena terminar o 1º ciclo?”. Só que, ao contrário dos dias de hoje, esta pergunta seria respondida pelo país e não pelos alunos.
Desde 2011, os números de alunos matriculados pela 1ª vez ao ensino superior têm vindo a diminuir. As razões desta diminuição estão maioritariamente ligadas à crise económica, que deixou as famílias com dificuldades económicas. Mas também deve-se ao facto de ter sido gerado uma desvalorarão da educação, justificada com expressões do senso comum, como, “estudar para o desemprego”, “o melhor é emigrar”, “estudar não compensa” ou “vale mais é ir trabalhar”, criando nos jovens expectativas de que existe uma alternativa melhor à formação académica.
Olhando para o presente, essa até pode parecer uma melhor solução, no entanto esta apenas o será curto prazo, pois olhando a longo prazo um jovem qualificado terá mais possibilidades de passar as dificuldades do desemprego ou do trabalho mal remunerado, estando assim preparado para enfrentar um mundo exigente, com economias sustentadas em conhecimento.
Apesar de ainda sermos um dos países da Europa com as menores qualificações a nível escolar, os jovens de hoje continuam a deparar-se com a questão de trabalhar ou prosseguir com os estudos, sendo que vários optam por enveredar pelo caminho profissional, verificando-se as diminuições de entradas no ensino superior, sinal este alarmante que não tem merecido comentários por parte do governo. 

Ana Ribeiro 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: