quarta-feira, 12 de novembro de 2014

As duas faces da economia paralela

Ao longo dos anos temos assistido a um crescente aumento da carga fiscal e da taxa de desemprego, acompanhados por cortes nos salários e diminuições do poder de compra dos portugueses (em termos práticos, um cidadão que hoje aufere o salário mínimo recebe menos 12€ do que em 1974). Além disto, a fuga ao fisco por parte de grandes empresas e todas as fraudes a que assistimos diariamente, parecendo que não, são incentivos para se operar na economia paralela.
Segundo um estudo feito na União Europeia, 10% dos portugueses admitem já ter comprado bens e serviços na economia paralela, e 2% reconhecem ter auferido rendimentos não declarados. Em comparação com 2007, a percentagem de portugueses que já comprou na economia paralela aumentou 3 pontos. Na Europa, a Grécia é um dos países com maior número de pessoas a admitir ter comprado produtos não declarados e, em contrapartida, na Polónia é onde menos se verifica este problema (tendo apenas 5% dos inquiridos admitido comprar bens e serviços de uma forma ilegal).
De acordo com o Observatório da Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF), o peso da economia não declarada no PIB tem vindo a aumentar, sendo que em 1970 rondava os 9.4% e em 2011 os 25.4% representavam, aproximadamente, 40 milhões de euros.
Do meu ponto de vista, se os impostos baixassem e se a população voltasse a ter poder de compra, não haveria tanta procura no lado obscuro da economia, não iria “valer a pena” esta procura para poupar apenas uns trocos. Por um lado, os portugueses sentem-se “roubados” pelo Estado, sendo esta uma das razões que os levam a agir ilegalmente. No entanto, será que já pensaram que são eles quem rouba o país ao agir assim? Acabar com a economia paralela pode antecipar o início do fim desta crise económica.

Margarida Sampaio

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: