sábado, 15 de novembro de 2014

Investimento estrangeiro em Portugal

Nos últimos três anos, Portugal tem sido alvo de um grande investimento estrangeiro. O principal país responsável por este fenómeno foi a China, sendo responsável por cerca de 40% das aquisições e fusões em Portugal (5.65 mil milões de euros), vindo a França a seguir, com 22,70%, e o Brasil com 17,94%. Ainda outros países, como Angola e Espanha, também tiverem a sua quota neste fenómeno. Apenas 15% do valor total investido em Portugal veio de empresas portuguesas e, em alguns casos, essas aquisições foram em parcerias com investidores estrangeiros.
Nestes mesmos últimos três anos temos vindo a assistir a um reforço dos investimentos chineses em Portugal, muitas vezes como porta de entrada para o mercado europeu e para os países de língua portuguesa. Assistimos, por exemplo, à aquisição de participações na EDP em 2011, pela China Three Gorges, à aquisição de participações na REN em 2012, pela China State Grid, à aquisição de uma participação de 80% na Fidelidade, na Multicare e na Cares (portefólio de seguros da Caixa Geral de Depósitos), pela chinesa Fosun, entre outras. O montante total envolvido em aquisições e fusões em Portugal por empresas chineses foi de 5,65 mil milhões de euros nos últimos três anos, em comparação com os 14,28 mil milhões de euros que é o montante total investido em Portugal no mesmo período.
Importa, então, perceber o que levou, por um lado, o Estado a selecionar as empresas chinesas, e, por outro lado, as empresas chinesas a apostar em Portugal. Durante o período mais difícil da crise, os investidores tradicionais, europeus e americanos, afastaram-se de Portugal. Pelo contrário, os investidores chineses souberam avaliar Portugal numa perspetiva de longo prazo e de forma mais objetiva. O facto de os investidores chineses pensarem a longo prazo foi o que fez a diferença e, assim, investir significativamente na EDP e na REN, por exemplo, duas grandes empresas portuguesas. Isso deu um sinal positivo a outros investidores chineses, no entanto mais pequenos que a China Three Gorges e a China State Grid, mas que seguiram o exemplo destas duas grandes empresas. 
A verdade é que a seleção de grandes empresas chinesas se sustentou também nas parcerias estratégicas apresentadas para as empresas alvo, no potencial crescimento das empresas nacionais privatizadas e na possibilidade de reforço da sua capacidade económico-financeira, tanto no mercado nacional como internacional. Também a situação geográfica e as relações privilegiadas e forte presença das empresas portuguesas em África e na América Latina, designadamente nos países de expressão portuguesa, são outros fatores que fazem de Portugal um destino atrativo para o investimento chinês.
Mas será o investimento chinês bom para o nosso país? Para uns, o investimento das empresas chinesas em Portugal não traz nada de bom para o país, sendo que apenas serve para "levar o conhecimento” de forma barata. Para outros, o melhor investimento é aquele que cria empresas e não o que compra empresas. É óbvio que será preferível investimentos em novos empreendimentos, pois é isso que gera emprego e crescimento. Por outro lado, como economia aberta que é a economia portuguesa, não se pode desprezar o investimento na compra de empresas. E um atrai o outro. O embaixador da China em Portugal, Huang Songfu, diz que só o tempo é que dirá se o investimento chinês é bom para Portugal ou não.
Uma coisa é certa, estamos em Portugal e tem-se assistido a um constante investimento vindo do estrangeiro, não só por parte de empresas chinesas, mas também de empresas de outras nacionalidades, e esta privatização tem levado a que estejamos cada vez mais perto de ter mais empresas em Portugal controladas por pessoal estrangeiro do que português. Para quem é patriota, isso é mau, mas é certo que também tem algo de bom pois possibilita a manutenção de postos de trabalho e até um aumento dos mesmos e, consequentemente, ao crescimento económico.

Sara Margarida Pimenta

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3° ano do curso de Economia (1° ciclo) da EEG/UMinho]

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