Recorrendo à história mundial, podemos verificar que a Europa sempre foi apelidada de ‘’o velho continente’’ por ser o continente com registos históricos de civilização mais antigos, remontando ao tempo dos gregos. Contudo, desde o início deste novo milénio, surge uma nova questão: não estará a Europa a tornar-se excessivamente envelhecida?
Com exceção aos periodos de guerra e de epidemias, a Europa nunca registou taxas de crescimento naturais tão baixas como atualmente. Apesar das melhorias na saúde permitirem uma redução bastante positiva e significativa na taxa de mortalidade, a taxa de natalidade ainda consegue ser menor, ou seja, há menos nascimentos do que mortes, logo, no longo prazo, é de prever uma redução da população de origem europeia. Segundo previsões do EUROSTAT, o número de nados-vivos de países europeus vai ser tão baixo que, em 2060, o total da população só não irá ser menor devido às entradas de imigrantes, isto é, a Europa, apesar de caminhar a passos largos para um estado idoso, continua a ser vista como um destino bastante atrativo em relação a oportunidades de emprego.
Se tentarmos esmiuçar a estrutura etária europeia e a sua possível evolução, rapidamente concluímos que a população jovem e a população em idade ativa terão tendência a diminuir, enquanto que o número de idosos europeus terá propensão a aumentar. Analisando as previsões do EUROSTAT, verificamos que, em 2008, a populção jovem (entre os 0 e os 14 anos) era de, aproximadamente, 77 milhões e meio de crianças/adolescentes e que, em 2060, irá rondar apenas os 71 milhões (uma redução de 8,5 pontos percentuais em 50 anos).
Também em 2008, a população em idade ativa era de 333 milhões de pessoas e, em 2060, prevê-se que sejam apenas 283 milhões (uma redução brutal na população ativa de 17,7 pontos percentuais) e, por fim, a população idosa, que em 2008 se fixava nos 84 milhões e meio de idosos, irá sofrer um incremento de quase 80 pontos percentuais até 2060, atingindo por essa altura o valor de 151 milhões de idosos residentes na Europa. Ou seja, num prazo de 50 anos é de prever que a população da terceira idade quase duplique, o que deveria ser um indicador muito alarmante para todos os países.
Este aumento brutal no número de idosos, deve-se muito ao aumento rápido da esperança média de vida (EMV), aliado à melhoria geral nas condições de saúde dos países europeus. Desde 2000 até 2012, a média europeia da EMV subiu 2,4 anos (subiu de 77,7 para 80,3), sendo que nos países mais desenvolvidos este valor ainda é mais substancial, como no caso alemão que no mesmo periodo aumentou a sua EMV em 3 anos.
Com todas as projeções conhecidas e sabendo dos avanços rápidos na área da medicina, é de esperar que a maior parte das economias europeias comece a ter uma despesa com o setor da saúde cada vez mais elevada. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a média da despesa em saúde per capita dos países europeus aumentou cerca de 1500€ desde meados da década de 90 até aos tempos atuais. Ou seja, através destes resultados, podemos confirmar a teoria de que as economias europeias estão a gastar mais em saúde, o que no futuro se pode tornar um problema bastante grave. Por questões de justiça social, os governos não devem prescindir da oferta de cuidados de saúde, contudo com o aumento das despesas em saúde per capita, o envelhecimento da população e a diminuição da população ativa, as economias poderão sofrer para se manterem estáveis, devendo até gerar mecanismos de ajuste para combater esta situação.
Em suma, a Europa está a tornar-se bastante envelhecida, podendo os países enfrentar problemas de cariz social, como o controlo que terão de exercer sobre os cuidados de saúde, além de outro problema possível, a perda de competitividade em relação ao mercado asiático (cada vez mais uma potência mundial). À semelhança de Portugal, a Europa sofre dos mesmos sintomas, devendo os países europeus juntarem-se e encontrar um conjunto de soluções válido, acompanhado de um plano económico viável e estruturado para que, no longo prazo, esta situação seja reversível.
Ricardo Fernando Azevedo da Silva
FONTES:
http://www.pordata.pt/Europa/Esperanca+de+vida+a+nascenca+total+e+por+sexo-1260
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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