terça-feira, 4 de outubro de 2016

Abandono do Interior

Entre 2001 e 2011, Portugal registou um crescimento populacional de 2%. Todavia, a maioria da população vive no litoral, intensificando um despovoamento cada vez maior nas regiões do interior. O país não pode ignorar tal acontecimento. É necessário aplicar medidas que melhorem a qualidade de vida daqueles que optam por viver longe das grandes cidades.
Desde 1950 que o interior de Portugal tem assistido a um continuado despovoamento, juntando-se a este o problema do envelhecimento. Segundo alguns autores e investigadores, até 2040 Portugal verificará um decréscimo populacional de aproximadamente 6,6%, prevendo-se que, nessa altura, o interior não ultrapasse 15,5% do total nacional. O despovoamento do interior deve-se a anos de saída da população jovem e à baixa fecundidade (em 2013, o índice sintético de fecundidade em Portugal situou-se abaixo dos 1,3, ou seja, muito abaixo dos 2,1 que asseguram a reposição geracional). Apesar das previsões apontarem para que o declínio só venha a acontecer depois de 2040 e ser então ainda possível inverter esta tendência, existem alguns alertas que devem ser tidos em conta. Caso a onda de emigração dos últimos anos se mantenha, medidas de combate ao despovoamento do interior não terão o efeito desejado.
O problema não se prende exclusivamente com a baixa densidade populacional, pois países como a Noruega, Finlândia e Suécia são exemplos extremos na Europa e estão longe de serem países pouco desenvolvidos. A situação de Portugal diz respeito à combinação de problemas de baixa densidade populacional com o envelhecimento. De acordo com o sítio da Eurostat, a região mais envelhecida da europa em 2013 era portuguesa (Pinhal Interior, concelhos de Sertã e Vila de Rei), com 32,4% da população acima dos 65anos.
A solução para este nosso problema deve passar por atrair, em simultâneo, novos habitantes, serviços e empresas. Medidas de incentivo à natalidade não são suficientes. A par disto é necessária uma oferta de serviços de qualidade nas áreas da Saúde, Ensino, Segurança Social e Justiça – imprescindíveis para atrair pessoas e empresas. Isto porque o apoio à natalidade é importante, mas o investimento na atração de empresas e na melhoria de condições de vida acaba por se tornar mais relevante ainda. O facto de ocorrer um aumento da oferta de emprego , por exemplo, transmite estabilidade para as pessoas  e permite-lhes pensar em  ter a sua própria casa. Isso é que por sua vez  as leva a ponderar terem mais filhos.
É necessário que sejam tomadas medidas não só ao nível central, como também autárquico. Os próprios municípios, através dos recursos que possuem, devem preocupar-se em oferecer um conjunto de regalias e incentivos àqueles que optarem por viver no interior, tal como se tem vindo já a verificar em alguns casos no país.
Cátia Soraia Miranda Barbosa


Sítios utilizados:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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