Com o nome do ex-primeiro ministro
português António Guterres a correr mundo, não poderia deixar de escrever sobre
este assunto. Esta quinta-feira, dia 6 de outubro de 2016, foi, oficialmente,
recomendado pelo Conselho de Segurança da ONU para secretário-geral após longos
meses de campanha.
O apoio da diplomacia portuguesa
aliado à experiência do português tornaram-no no próximo secretário-geral das
Nações Unidas. Desde o Presidente da República ao embaixador português em Nova
Iorque, ao Primeiro-Ministro e aos restantes membros da diplomacia portuguesa,
todos merecem uma palavra de gratidão pelo processo que foram capazes de
dirigir. Contudo, não podemos ignorar as qualidades inatas que tornam António
Guterres o candidato ideal ao mais alto cargo da ONU, as quais foram visíveis
ao longo de todo o seu percurso enquanto Primeiro-Ministro português e Alto
Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Esta eleição, como já tem vindo a
ser referido por várias entidades nacionais, é uma questão de prestígio para o
país, demonstrando aos mais poderosos que os pequenos também são grandes. A
recomendação feita pelo Conselho de Segurança da ONU, de certa forma, já não
foi uma surpresa para o mundo dadas as sucessivas vitórias de António Guterres
nas votações informais que se realizaram. Todavia, a recomendação foi uma
“chapada de luva branca” na tentativa de golpe que foi a candidatura de última
hora da búlgara e vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva, apoiada
pela diplomacia alemã. O nome de António Guterres surge após a última votação
informal, e primeira da candidata búlgara, em que o português obteve 13 votos
de “encorajamento”, 0 votos de “desencorajamento” e 2 votos “sem opinião”. Com
este resultado, a ONU pode dar continuação ao processo de transparência a que
se propôs e talvez os organismos europeus e mundiais venham a aprender com esta
recomendação.
“Só tenho duas palavras: humildade e gratidão”. Estas são as palavras que iniciam a primeira intervenção pública de António
Guterres após a recomendação do Conselho de Segurança da ONU, uma intervenção
breve mas concisa, agradecendo aos mais diversos elementos da ONU e aos
diplomatas portugueses e salientando que o secretário-geral da ONU é Ban Ki-moon,
sendo o seu nome ainda uma recomendação.
A expectativa atual é a de mudança,
a de reestruturação de um organismo que tem no poder da palavra o poder de
decisão. Espera-se que com António Guterres este poder seja mais eficaz, tendo
maior alcance e beneficiando o mundo. Contudo, este não será um caminho fácil:
tem pela sua frente inúmeros desafios aos quais terá de dar resposta (esperamos
nós – o mundo). A crise militar, a crise humanitária, a crise dos refugiados,
as alterações climáticas, a guerra na síria, a questão que é o médio oriente, o
conflito na Ucrânia, a igualdade de género, as armas nucleares e a reforma da
ONU são as “bolas de fogo” que António Guterres terá pela frente no seu mandato
enquanto secretário-geral da ONU.
Da minha parte, só me resta dizer:
“o melhor ganhou” e não é só por ser português (mas também é) o melhor para
esta nova etapa!
Carolina Moreira Maia
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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