Ponto prévio: gostaria que qualquer
leitor deste artigo tivesse a consciência de que o próximo dia 8 de Novembro,
nos Estados Unidos da América, terá uma influencia gigantesca no contexto
Europeu, e também será um dia marcante para o que possa vir a acontecer
futuramente nos mercados nacionais. Daí o encontra-lo no âmbito da cadeira de
Economia Portuguesa e Europeia.
Posto isto, na procura do sucessor ao
primeiro líder afro-americano, temos dois candidatos mais mediáticos, Donald Trump
e Hillary Clinton. Alerto, previamente, os mais distraídos, que não são os
únicos, no entanto é sobre estes que recaem os holofotes da comunicação social.
Certamente, essas eleições irão também conduzir um deles ao lugar mais poderoso
do mundo.
Perfis opostos, onde se, por um lado,
nos fazem chegar o estilo de boa samaritana de Hillary Clinton, senhora de bons
valores, sensível, com um coração enorme, humilde e pacífica, que certamente
lhe irá valer muitos votos, por outro lado, temos o impetuoso e temperamental
Donald Trump, de temperamento irascível, que diz aquilo que pensa, genuíno e a “marimbar-se”
para o politicamente correto, e por muitos apelidado como a encarnação do mal.
Se, por um lado, temos os apoiantes
de Hillary, que ao perfil que eu traço do Donald Trump responderiam
provavelmente que a sinceridade e a genuinidade de Trump têm o benefício de
mostrar a real “besta” que ele é, por outro lado, teremos os apoiantes de Trump
que dirão que este candidato tem o condão de mostrar ao que vem. Ao invés de
Hillary que não se sabe bem o que esperar dali, e onde muitos a consideram mais
falsa do que Judas.
Fugindo um
bocado à minha tentativa de que este artigo seja imparcial, a grande questão, na
minha opinião, passará por saber se os Americanos preferem manter-se na zona de
conforto, mesmo esta podendo, eventualmente, ser negativa, ou irão dar um tiro
no escuro, que poderá revelar-se bem pior.
A verdade é que tem sido feita uma
enorme campanha para denegrir a imagem de Donald Trump, por vezes com a sua
própria colaboração, e onde os atuais debates apenas têm servido para “encher
chouriços”, pois quando há falta de argumentos por parte da candidata Democrata
lá sai uma notícia estrategicamente plantada aqui ou acolá a mostrar como o seu
opositor é machista, racista, xenófobo…
Temos de concordar que a Hillary tem
tido mais simpatia por parte da imprensa, pois os media a têm protegido em
demasia, no entanto não podemos esquecer certas frases proferidas por Donald
Trump, como “vamos construir um muro entre os EUA e o México” ou, mesmo, sobre
os chineses inventarem o aquecimento global para prejudicar a economia
Americana, o que demonstra que não é preciso os media demonizarem Donald Trump
pois, por vezes, ele trata disso sozinho. É curioso também referir que foi
divulgado na passada quinta-feira, dia 6 de Outubro de 2016, uma sondagem
realizada pela Win Gallup International (rede internacional da qual a empresa
portuguesa Marktest é associada) que nos indica que se as eleições ocorressem
em Portugal, Hillary Clinton venceria com 85% dos votos contra 5% de Donald
Trump, em que 10% não saberiam em quem votar ou não responderam. Podemos
interpretar isto de várias formas: uma, possível, imagem negativa que a
imprensa Portuguesa nos traz de Donald Trump; e outra é a de que os Americanos
se apresentam como sendo mais conservadores que os Portugueses.
Finalmente, que importância terão as eleições
na América no contexto Português e Europeu, nomeadamente do ponto de vista
socioeconómico? Caso a vencedora seja a Hillary, não prevejo que haja grandes alterações às
politicas atuais da Casa Branca, pelo que será previsível que tudo permaneça com relativa estabilidade
na zona Euro. Por outro lado, a vitória de Donald Trump será sempre uma
incógnita, pois as pretensões que ele tem, principalmente, para a política de
emigração, refugiados, e até mesmo no que respeita às relações económicas com a
China e com a Rússia poderão acarretar grandes convulsões, isto tendo em conta
a globalização económica. De qualquer modo, acredito que ambas as candidaturas
estão de mãos atadas no cenário internacional, pois caso, por exemplo, Donald
Trump começasse, eventualmente, a tentar “Brexitar” os Estados Unidos (tentando
deste modo expulsar os emigrantes), o seu mandato começaria a desabar.
Naturalmente que a zona euro bem como o resto do mundo também iriam passar por
um período de convulsão, mas eu acredito que quem sofreria mais com tais
medidas seriam os próprios Estados-Unidos, pois embora sejam o motor económico
do mundo, nesta economia global necessitam dos restantes países.
Em suma, acredito que qualquer que
seja a opção não ficaremos servidos da melhor forma, mas também não “compro o
peixe” que nos andam a tentar vender de que estamos perante uma eleição entre a
bestial e o besta. Acredito sim, que uma vitória de Donald Trump nos levará a
um mandato mais difícil de prever, onde pode correr bem, mas também pode correr
mal, ao contrário de Hillary que aparentemente parece dar-nos mais garantias de
um mandato tranquilo, sem fugir tanto à normalidade.
Pedro Eduardo Gonçalves
Oliveira
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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