É no início da década
de 60 do séc. XX, quando o fenómeno turístico apresenta um crescimento intenso
a nível mundial, que, em Portugal, se começa a criar um ambiente de interesse
por este sector. O turismo é uma das atividades económicas mais importantes em
Portugal, onde, para além do seu impacto na Balança de Pagamentos, no Produto
Interno Bruto (PIB) e do seu papel na criação de emprego, investimento e
rendimento, é-lhe também reconhecida a função de “motor” de desenvolvimento de
outras atividades económicas.
Portugal centrou essencialmente a atividade turística num
único produto inicialmente: o produto tradicional “Sol e Mar”, mais conhecido
pelo turismo dos 3 “S” – Sun, Sea and Sand. A necessidade de responder à
pressão competitiva de países, e de atender, também ao fortalecimento da
cultura e preservação do património, dá lugar a um “Novo Turismo”,
caracterizado pelos 3 novos “S” - Sophistication, Specialization and
Satisfaction.
As exportações do sector
corresponderam a 15% das exportações totais de Portugal e a balança de turismo
e viagens representa mais de 4% do PIB português. Segundo o World Travel & Tourism Council, o turismo contribuiu em
2015 para 8,9% do investimento e 7,9% do emprego em Portugal (um valor que sobe
para mais de 19% se contabilizados também os efeitos indiretos e induzidos).
Lisboa, Madeira e
Algarve são as três regiões que apresentam maior percentagem de turismo.
Algarve, pelo seu clima e temperatura da água, Lisboa, pela sua história, contemporaneidade, monumentos e museus, e a Ilha da Madeira, com a
sua floresta laurissilva,
classificada de Património da Humanidade pela UNESCO, pelo seu clima ameno,
pelas paisagens exuberantes e pela sua gastronomia.
Um outro tipo de
turismo que tem vindo a ser encarado como uma forte possibilidade de
diversificação e consequente criação de riqueza é o turismo em espaço rural. As
múltiplas áreas rurais que assistiram à quase extinção da atividade agrícola
podem encontrar neste tipo de turismo uma forma de gerar rendimentos
complementares à agricultura, de recuperar níveis demográficos, assegurar a
conservação e/ou recuperação de patrimónios arquitetónicos e a dinamização e
divulgação de produtos regionais, como o artesanato ou a gastronomia e,
sobretudo, a manutenção da paisagem e de modos de vida tradicionais. A oferta
deste tipo de turismo encontra-se mais concentrada no litoral norte de Portugal
– cerca de 1/3 do total nacional – e no Alentejo – com mais de 10% – duas áreas
que, tradicionalmente, não costumavam fazer parte dos destinos turísticos mais
comuns.
Perante o reconhecimento do turismo como um dos mais
importantes recursos económicos nacionais, num tempo que privilegia o lazer e
as viagens, transformando os espaços em espetáculos para consumo turístico,
torna-se cada vez mais evidente a necessidade de Portugal se abrir a novos
mercados e de apostar mais fortemente na promoção de produtos de exceção.
Entretanto, também é urgente trabalhar melhor no campo da formação profissional,
para se atingirem melhores padrões de qualidade. O facto do sector turístico se
encontrar sujeito a uma constante e crescente competitividade torna-o alvo da
necessidade de investimentos constantes de forma a permitir a inovação e a
atracão, evitando o declínio.
A possibilidade ganha
por Portugal de organizar eventos de grande visibilidade, como foi o caso da
Expo'98 e do Euro2004, representou uma excelente oportunidade de promoção
turística de um país que, cada vez mais, procura a notoriedade através da dinamização
e da consolidação do setor turístico. Entretanto, também importará ter em conta
que esta notoriedade depende bastante do espaço, não só em termos de qualidades
turísticas, mas também de equilíbrio e respeito pelo ambiente e pelas necessárias
regras de construção e utilização.
Em suma, o Turismo
é uma boa aposta de futuro pois a evolução das receitas é significativa, tendo
mesmo o número de turistas ultrapassado a população portuguesa, ajudando ao
mesmo tempo a preservação de monumentos e de espaços verdes.
Paulo Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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