As alterações na economia de um país
geram impacto nas economias dos seus países parceiros e, por vezes, na economia
mundial. Fatores como, por exemplo, a queda abrupta do investimento, a queda do
PIB, o aumento da inflação e a descida no consumo afetam a balança comercial.
“Economia Brasileira provoca cautela
em empresários portugueses”. Isto deveu-se ao facto de ter surgido uma queda no
crescimento, uma desvalorização crescente da moeda (real) face ao dólar e um
aumento da inflação, o que, consequentemente, despertou receios nos
investidores portugueses. Este cenário de incertezas afeta os investimentos de
longo prazo, o que prejudica as transações com o nosso “país irmão”.
Para resolver estes problemas, o governo brasileiro procedeu,
desde então, a programas de ajuste fiscal, aumentando os impostos, porém, isto
gerou a contestação da oposição e a revolta da maior parte da população.
Este ano, o FMI pronunciou-se apoiante da continuação deste
aumento pois só assim se irá limitar o crescimento da despesa pública e, assim,
reduzir os grandes défices nas suas contas públicas.
No comércio internacional, nota-se
uma retração nas vendas de produtos como bacalhau, vinho e azeite. É devida aos
produtos importados tornarem-se mais caros, pois o real encontra-se
desvalorizado, o que faz com que os agentes económicos diminuam a compra de
produtos portugueses.
Para agravar a situação, Portugal e o
Brasil desceram no ranking de competitividade de países. Segundo o Fórum
Económico Mundial, o Brasil caiu para a
81ª posição, atingindo a sua pior posição competitiva. Temos também que Portugal
desceu oito lugares relativamente a
2015, passando de 38º para 46º lugar.
A falta de resposta do mercado
interno é um dos fatores que levou a esta perda de competitividade e, com isto,
conclui-se que o grau de abertura dos mercados é um fator crucial.
Mas nem
tudo é negativo. Além da relevância que o Brasil tem enquanto parceiro
económico e lusófono para Portugal, revela também um grande impacto no que
respeita ao turismo e aos investimentos em Portugal. “Brasileiros trocam Miami
por Lisboa”. Os brasileiros tornaram-se nos melhores clientes das agências
imobiliárias lisboetas, já que têm chegado à capital com o orçamento mais
elevado. O número de consumidores brasileiros aumentou consideravelmente nos
últimos dois anos, seja em parte pela crise económica vivida no seu país ou
movidos pelas perspetivas favoráveis apontadas para Portugal.
A
instabilidade política do Brasil incentiva a colocar as economias num
porto seguro. Isto porque o reduzido crescimento económico do Brasil e a baixa
criação de emprego fazem gerar fluxos turísticos e migratórios para o nosso país
e um importante impacto no setor financeiro, pois fica mais vantajoso investir
no nosso país.
A dinâmica
do Mundial 2014 também impulsionou o setor turístico e a parceria entre
Portugal e o Brasil, pois saiu dinheiro dos turistas portugueses para os países
das organizações desportivas (neste caso, para o Brasil).
Porém o
Brasil, sendo anfitrião do Mundial de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos
este ano, foi gerando um balanço negativo para o país. Desde logo, o investimento
na infraestrutura e os gastos públicos inerentes levaram a um aumento da dívida
pública de 0,04% do PIB, com a dívida do Estado do Rio de Janeiro a crescer 17%.
Está previsto que a inflação geral do país irá aumentar 1% no presente ano.
Embora o turismo tenha sido elevado, o que levou ao aumento do consumo, estes
benefícios não chegaram para compensar os severos desequilíbrios económicos que
se sentiam no país já antes dos Jogos Olímpicos.
Tendo em
conta, todos os aspetos anteriormente referidos, será que Portugal e o Brasil, são,
em termos económicos e comerciais, verdadeiros “países irmãos”?
Eva Daniela Barrocas
Nunes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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