sábado, 1 de outubro de 2016

Sanções a Portugal? O que nos pode acontecer?


Nem Espanha nem Portugal fizeram os esforços estruturais exigidos para colocarem os respectivos défices abaixo do limiar de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Segundo os Procedimentos por Défice Excessivo (PDE) de Bruxelas, os dois países deveriam ter corrigido o défice orçamental no final de 2014, para o colocar de acordo com as regras do Pacto.
Bruxelas tem várias possibilidades disponíveis para a aplicação de sanções: pode ordenar a constituição de depósitos que podem ir até 0,2% do PIB, o que representa uma multa de 360 milhões de euros. E, caso não sejam cumpridas as recomendações de correcção da situação de défice excessivo, este depósito é convertido numa multa de até 0,5% do PIB. Além disso, à excepção do Reino Unido, todos os países da União podem ver os fundos Europeus congelados temporariamente. No caso português, poderá significar um corte de 50% dos fundos estruturais já em 2017.
Da primeira, Portugal e Espanha já se livraram, com o Conselho da UE a validar a recomendação da Comissão de que não fossem aplicadas multas. Escaparam a multas no âmbito do Pacto de Estabilidade por terem violado as regras do défice até 2015, mas as instituições europeias (e em especial a Comissão) ainda não deixaram cair a possibilidade de congelar a totalidade ou parte dos fundos europeus (estruturais e de investimento) previstos para os países. Em causa está uma regra, em vigor desde 2014, que determina que quando os governos não cumprem com as recomendações a "Comissão apresenta uma proposta ao Conselho para suspender a totalidade ou parte das autorizações ou pagamentos" dos fundos estruturais. Essa proposta deve ter em conta as consequências sociais e económicas da decisão, e as conclusões retiradas de um diálogo.
A Comissão reconhece que já se notam efeitos negativos em Portugal, com um abrandamento dos investimentos "devido a incertezas sobre a possível suspensão do Fundo Social Europeu".
Entre pressões para o congelamento dos fundos europeus a Portugal e crenças de que é possível evitar a suspensão de fundos, vamos ver o que acontece.
Basta ambos os governos cumprirem as promessas de consolidação orçamental. Mas será que isso vai acontecer?


Maria Raquel Oliveira Ribeiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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