As
empresas portuguesas estão a triunfar no mundo novo do têxtil técnico, onde um
simples fio é mais do que aparenta e qualquer tecido pode esconder poderes
funcionais quase milagrosos.
Do sportswear que melhora a performance a casacos que avisam os
trabalhadores se estes se aproximarem de veículos em movimento, o vestuário
inteligente está cada vez mais próximo dos consumidores. Um exemplo destas
técnicas é uma camisola confecionada em Barcelos, com uma malha técnica de alta
performance, que permite a
transmissão de ar dando uma solução fina e leve, confortável, de alta
respirabilidade, pronta a fazer a gestão da humidade do corpo. Para além disso
também tem propriedades antibacterianas e uma função termorreguladora, através
de produtos encapsulados que passam ao estado liquido para arrefecer o corpo
quando este aquece e se tornam sólidos, para o aquecer, quando fica frio. Nesta
empresa, parte dos trabalhadores estão centrados em atividades de investigação
e desenvolvimento e 10% do volume do negócio é canalizado para a inovação. O
foco é o desenvolvimento de malhas técnicas para segmentos da moda ao desporto
e até ao vestuário de proteção.
Entre novos projetos, numa empresa de Santo Tirso há malhas para mantas com
fibras de alta performance e poderes
de acumulação capazes de transformar o calor do corpo e da luz em radiações de
infravermelhos que mantêm o corpo saudável e quente, malhas com fios condutores
que permitem monitorizar o corpo humano.
Segundo Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário, “Mais de
70% dos materiais e aplicações que farão o amanhã desta atividade (têxtil)
estão ainda por inventar”. A realidade é que quando falamos de têxteis técnicos
associamos imediatamente a nanotecnologia, engenharia de materiais, entre
outras técnicas relacionadas com a ciência e a tecnologia. O peso exato deste
segmento de negócio é ainda difícil de contabilizar visto que tudo o que é
feito com têxteis técnicos ainda é contabilizado no têxtil tradicional.
Nas contas da ATP, o peso real dos têxteis de alta tecnicidade poderá
duplicar estes números. “Nas nossas estimativas, 20% a 25% do volume de
negócios do sector estarão já aqui.” E a percentagem poderá registar “um
crescimento exponencial” nos próximos anos, para chegar ao final da década já
nos 30%, antecipa o Plano Estratégico desenhado para a indústria têxtil no
horizonte de 2020. “Será já uma percentagem próxima da média de indústrias
desenvolvidas nesta área, como a Alemanha, com os seus 40%, mas ainda muito
longe da realidade de países como a Finlândia, onde a quota dos têxteis de alta
tecnicidade ronda 70%”, refere Paulo Vaz.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, quando olhamos
para os têxteis técnicos, estes valem 600 milhões de euros, o que equivale a
10% do volume de negócios do sector (6,4 mil milhões de euros). No Plano Estratégico do sector, os “têxteis técnicos e funcionais” são,
assim, apontados como uma das oportunidades abertas à fileira no horizonte de
2020. A confirmar o otimismo da previsão, as exportações de têxteis técnicos
(números oficiais) cresceram 10,8% no ano passado.
Depois de tudo isto, fica claro que Portugal deve apostar no têxtil
técnico, visto que nos vai levar à inovação e crescimento económico numa área na
qual já somos reconhecidos no mundo.
Ana Filipa Lopes Marinho
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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