A
entrada de refugiados na Europa é um tema que, para além de atual e de
crescente importância, urge de cada um de nós ter uma opinião. A atual crise
dos refugiados não é só a maior crise humanitária na Europa desde a II Guerra
Mundial, mas um grito para a união e definição da Europa como uma pátria
fraterna e acolhedora.
Mas
afinal o que significa acolher refugiados? Será partilhar ou dar? E então será
que entre os refugiados vêm terroristas preparados para causar a desgraça na
Europa? Será que vão tentar “islamizar” a Europa como em tempos os cristãos
tentaram com as cruzadas? Todas estas questões são centrais para a compreensão
deste debate e para a consciencialização da melhor resposta possível que, no
meu entendimento, é dizer: “bem-vindos à Europa”. Em caso de referendo, eu
direi sim e tu?
Acolher
os refugiados é dar-lhes condições para que possam ter uma vida estável sem
que, como no seu país de origem, corram perigo de vida, sejam perseguidos ou
maltratados por outros cidadãos ou por forças estatais. É importante frisar que
este acolhimento é imprescindível, apesar dos riscos que possa acartar se
queremos viver numa Europa com consciência moral coletiva. O risco da entrada
de terroristas na Europa deve ser interpretado como o mesmo risco atribuído à
permissão de movimento livre de pessoas dentro da União Europeia. Um cidadão naturalizado
num país pertencente à União Europeia pode ser um terrorista assim como um
cidadão nacional. Haverá sempre o risco de alguém com intenções negativas
entrar na Europa pois vivemos num mundo globalizado.
Quanto
à questão da “Islamização” da Europa tomemos Portugal como exemplo, onde foi
decidido pelo parlamento a integração e acolhimento de cinco mil refugiados, o
que representaria 0,05% da população nacional. Em média, poderíamos dizer que
seria um refugiado por cada dois mil habitantes, uma proporção sem significado
quanto ao problema de tentativa de imposição de religião. Para além disso, a
maioria dos refugiados são muçulmanos, professam a fé islâmica mas sem
transporem o plano político como os islamitas e sem intenções ou doutrinas
violentas como os jihadistas. Em suma, os refugiados são apenas pessoas que,
apesar de terem uma fé diferente da cristã, saem do seu país de origem não para
evangelizar mas por temerem pela sua própria vida.
Entendo
que a Europa necessita de se assumir verdadeiramente como a pátria dos Direitos
Humanos. Não conheço ninguém que não fique desarmado com os números registados
de mortes ou desaparecimentos de pessoas que tentavam chegar ao continente do
sonho. Desde 1993 até 2015, este número registava 31 mil e quinhentos e dois
mortos/desaparecidos, sendo que só entre 2011 e 2015, no mar mediterrâneo,
registaram-se 11 mil e vinte e oito mortes. Se perante estes números somos
capazes de ficar indiferentes, então, já perdemos o que nos define como
Humanidade. Fechar as Fronteiras é assinar o pacto com o Diabo, é render-nos ao
medo e dar a vitória a terroristas com os da Daesh, cujo propósito é causar o
pânico e terror nas pessoas. Eu não quero ser parte da Europa que ergue um muro
com 175 quilómetros e quatro metros de altura só porque tem medo. Quero ver
para além da desgraça, da miséria, da Indiferença… Quantos dos refugiados que
chegam com formação e não poderão vir a ser os novos génios das ciências? Porque
nos recusamos a ver que acolhê-los poderá ajudar-nos a combater a falta de população
ativa e que contribuirão para a sociedade sustentável?
Um
estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) releva que o acolhimento rápido
de refugiados pode atenuar o problema do envelhecimento populacional e
incrementar o consumo e investimento, conduzindo a um aumento do produto
interno bruto (PIB). Mais de um milhão de migrantes chegou à Europa em 2015 e
estes poderão ser uma parte da resolução do problema geracional e económico.
Poderão
chamar-me de sonhadora ou até mesmo de irrealista, mas eu quero acreditar na
Europa Unida, a que ouviu França gritar na sua revolução “igualdade, liberdade
e fraternidade”, a que derrotou a ideia de uma raça pura como única, a que se
uniu porque acreditava que juntos somos mais fortes.
Joana Vilaça Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º
ciclo) da EEG/UMinho]
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