segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O envelhecimento da população e as suas consequências económicas

           O envelhecimento da população é um fenómeno e uma realidade que traz os seus desafios mas também oferece as suas oportunidades.
Se em 1960 Portugal apresentava-se como um país jovem, atualmente não se encontra na mesma situação já que transparece uma estrutura etária muito envelhecida. O número de pessoas em Portugal com mais de 65 anos duplicou em relação aos anos 70 e, atualmente, é superior a dois milhões, tendo em conta que a população com mais de 80 anos aumentou cinco vezes. Sabemos que em Portugal, no ano de 1971, havia 836.058 pessoas com 65 anos ou mais, em 1977 ultrapassavam um milhão, em 2012, os dois milhões e em 2015 eram 2.122.996 pessoas nesta faixa etária.
Se, em termos gerais, os idosos representam 20% da população portuguesa, no Alentejo e no Centro essa percentagem é maior (24,6% e 23,2%, respetivamente), salientando-se os Açores e a Madeira como as regiões mais jovens (13,4% e 15,4%, respetivamente).
         Podemos considerar que uma população envelhecida será uma comunidade com mais capital humano, que é sinónimo de mais conhecimento e experiência, ou seja, visto desta perspetiva, uma sociedade com estas caraterísticas estará mais preparada para resolver problemas e desafios. Uma outra perspetiva é o facto de que uma sociedade mais envelhecida também tem uma mente mais fechada e conservadora, não estando disposta a abraçar novas ideias, inovadoras, podendo renegar potenciais crescimentos na economia. Sendo assim, esta segunda perspetiva necessita de ser mais analisada para percebermos como, concretamente, poderá ser esta temática um agravante na economia.
         O FMI (Fundo Monetário Internacional) alerta que a diminuição da população portuguesa, aliada a um envelhecimento, pode aumentar a despesa pública em sete pontos percentuais do PIB, o que a pode tornar insustentável. Dentro deste cenário, o FMI admite que a despesa com o rendimento aumente 6,1 pontos percentuais do PIB até 2050 e 7,4 pontos percentuais até 2100. A maior parte dessa despesa é representada pela saúde, o que mostra um rácio da despesa com saúde face ao PIB bastante elevado quando comparado com países como Espanha, e uma grande diferença face à zona euro.
         Assim, o envelhecimento em Portugal, caso não seja contrariado pode colocar a dívida pública numa situação insustentável, visto que o envelhecimento da população deve aumentar mais rapidamente que o crescimento económico. Devemos então lançar políticas que promovam o aumento do crescimento potencial da economia pois existe uma grande urgência em reformar o sistema de pensões já que iria garantir mais equidade entre os pensionistas atuais e as gerações futuras.

Maria Miguel Oliveira Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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