quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Suspensão de Fundos Europeus a Portugal

         Face à violação do pacto de estabilidade e crescimento acordado com a União Europeia, referente à promessa de redução do défice do Estado em 2015 por parte de Portugal e Espanha, a comissão europeia admite uma suspensão dos fundos europeus para 2017. Esta suspensão aplica-se aos países sujeitos a procedimentos por défices excessivos, aplicados aos países com défices superiores a 3% do PIB no período que terminou em Dezembro de 2015.
        No debate ocorrido no dia 3 de Outubro em Estrasburgo, a decisão não foi consensual entre quem defende a exclusão dos fundos por defender o comprimento dos regulamentos dos fundos europeus estruturais de investimento, como é o caso de um deputado alemão e um sueco, mas com a maioria dos governos a refutar a ideia de sanções para os países Ibéricos. No entanto, ainda nada está decidido, podendo a multa a ser aplicada a Portugal chegar a valores de 360 milhoes de euros.
        A pressão está agora do lado do Governo Português, mesmo apesar do muito provável cancelamento das multas. O executivo comunitário ainda pode propor ao Conselho Europeu a suspensão parcial das autorizações dos fundos europeus aos dois países para 2017, tendo para isso de ouvir primeiro o Parlamento Europeu. 
        Quanto à consolidação das contas públicas, Bruxelas estabeleceu como meta para o défice deste ano 2,5% do PIB e pressionou o Governo a aplicar "integralmente medidas de consolidação que representam 2,5% do PIB este ano", incluindo "as medidas adicionais de controlo de despesas na aquisição de bens e serviços presentes no Programa de Estabilidade".
        Em termos de política do governo, e devido à pressão para redução do défice, esta medida terá efeitos negativos para Portugal no sentido em que só a ameaça de suspensão de fundos prejudica as políticas de investimento de Portugal. Terá de se adoptar uma política fiscal contracionista, que obrigará a reduções de gastos do governo e consequentemente a uma menor produção. Os impostos também aumentarão de forma a reduzir o consumo e investimento das empresas, deslocando assim a procura agregada.
        Em suma, a suspensão destas verbas seria contraproducente para a economia Portuguesa e para a própria correção do défice, isto quando resulta do incumprimento de medidas de austeridade demasiado severas.

        Luís Macedo

Referências:
·        https://www.publico.pt
·        http://www.observador.pt

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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