O
brexit venceu com 51,9%. Mais de um milhão de votos de diferença. Mas quais
serão as consequências para a União Europeia do resultado do referendo
britânico? Quão perigoso poderá ser o abalo causado por este sismo?
"O
que está feito está feito” e sim, agora sim, está feito. Os britânicos votaram
para abandonar a UE. Deram uma facada na Europa. Resta saber quais serão as
consequências dos ferimentos para a União e para o próprio Reino Unido.
Nos
últimos dias de campanha as sondagens apontavam para uma vitória do bremain, as que foram divulgadas logo
após o fecho das urnas indicavam o mesmo caminho, mas tudo começou a
inverter-se durante a contagem. Às primeiras horas da madrugada, as principais
estações televisivas britânicas baixaram as armas e assumiram que o brexit
sairia vencedor da longa contagem de votos.
Assim
foi: 51,9% dos britânicos votaram a favor da saída. Só a Escócia (61,9% contra
38,1%) e a Irlanda do Norte (55,7% contra 44,2%) votaram pela permanência.
Pela primeira vez, o povo de um país membro da União Europeia
votou para recuperar a sua soberania. E
agora? Durante a campanha, o primeiro-ministro britânico garantiu que se o
brexit vencesse ele invocaria imediatamente o artigo 50 do Tratado de Lisboa. A
partir desse momento começa a contagem decrescente de dois anos para o Reino
Unido abandonar completa e definitivamente a União Europeia.
Ainda
antes de o resultado ser conhecido, o referendo no Reino Unido mostrou-se uma
fonte de inspiração para os políticos eurocéticos europeus. Em Itália, Beppe
Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas - que nas eleições municipais conquistou
as autarquias de Roma e Turim -, já disse que quer um referendo sobre o euro e
outro sobre a UE. Em França, Marine Le Pen, da Frente Nacional, que lidera as
sondagens para a primeira volta das presidenciais do próximo ano, já garantiu
que se for eleita chamará os franceses a referendar a Europa. Na Holanda e na Dinamarca
também há movimentações no mesmo sentido. E agora, Europa? Será possível travar
o contágio? Basta
olhar para um número para facilmente compreender a avalanche provocada pela vitória do
Brexit no referendo: 15%. É que é este o grande peso que o Reino Unido tem no
PIB europeu, ou seja, na riqueza criada em toda a União Europeia. Daí as
reações políticas desiguais - entre demissões e gritos de Ipiranga.
Como se de um terremoto se tratasse, os resultados
do referendo no Reino Unido começam a fazer-se sentir nos mais diversos
domínios da sociedade e da própria economia.
Réplica atrás de
réplica, até os mais acérrimos defensores da saída do Reino Unido da União
Europeia têm agora muitas dúvidas e muitos receios que, aparentemente, não
detinham alguns dias antes do referendo. Ainda assim, Theresa May
já apontou Março como uma possível data de início das negociações com Bruxelas.
Posto isto, podemos dizer que os
apoiantes do Brexit podem ter ferido de morte a União Europeia mas poderão ter,
igualmente, contribuído para matar o Reino Unido. E Cameron passará à história
como seu coveiro!
Bela
Diana Pinto Gomes
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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