quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Emancipação Feminina

Até meados do século XX assistimos a normas políticas e sociais que assumiam que os homens eram os únicos que poderiam sustentar a sua família. A mulher apenas tinha a função de cuidar da casa e dos filhos. Contudo, no período entre guerras, as mulheres, sobretudo da classe média e alta, com um grau de instrução maior, tiveram que ocupar o lugar dos seus maridos na indústria para assim conseguirem sustentar a sua família, enquanto estes combatiam pela pátria. Isto fez com que as mulheres começassem a ganhar mais notoriedade na sociedade. Com esta nova visão do Mundo, as mulheres queriam mais e mais, e não serem apenas meras marionetas nas mãos de uma sociedade retrograda e preconceituosa.  
Atualmente, nós mulheres, temos os “mesmos direitos” que os homens, podemos votar, podemos tirar um doutoramento, podemos gerir uma empresa, podemos até mesmo pilotar aviões, contudo esta versão dos “mesmos direitos” não é tão linear assim.
Se observarmos o mercado de trabalho depressa percebemos que este tem sido desigual no ponto de vista salarial, isto é, se observarmos a diferença salarial entre homens e mulheres, em 2014, na União Europeia, constatamos que existe uma disparidade de cerca de 16,2% a favor dos homens, ou seja, isto indica-nos que as mulheres trabalham “gratuitamente” 59 dias por ano, tendo em conta a remuneração do homem. Não obstante, esta diferença salarial diminuiu 1,6p.p desde 2006. Todavia, Portugal não reflete esta tendência, pois desde 2006 o gap salarial entre homens e mulheres aumentou 6,1p.p, atingindo os 14,5%. Mesmo assim Portugal é o 9º país dos 27 países da União Europeia com uma menor disparidade, sendo a Eslovénia quem ocupa o 1º lugar, com uma diferença de apenas 2,9%, e a Estónia quem ocupa o último lugar, com uma disparidade de 28,3%.  Esta realidade está presente em todos os países da União Europeia, sem exceções, o que considero um triste facto uma vez que as mulheres têm as mesmas aptidões que os homens.
Em relação às taxas de desemprego de ambos os sexos, verificamos que a taxa de desemprego do sexo feminino tem vindo a aproximar-se do sexo oposto, sendo que em 2013 apenas tiveram 0,3p.p de diferença. Contudo, até nestes dados as coisas não são tão simples quanto parecem uma vez que apenas 7,1% das mulheres em Portugal ocupam cargos de chefia.
De facto, a luta pela participação na vida cívica e por uma igualdade jurídica entre os sexos só foi possível graças ao contributo de mulheres destemidas, persistentes e resilientes. Ainda hoje, as mulheres continuam solidárias e empenhadas em lutas contra o preconceito, a violência e a discriminação. Porém, a desigualdade e a injustiça entre mulheres e homens ainda está muito presente na nossa sociedade. A mudança de mentalidades é um longo caminho a percorrer!

Catarina Sofia Martins Pereira

Fontes:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: