Até meados do século XX
assistimos a normas políticas e sociais que assumiam que os homens eram os
únicos que poderiam sustentar a sua família. A mulher apenas tinha a função de
cuidar da casa e dos filhos. Contudo, no período entre guerras, as mulheres,
sobretudo da classe média e alta, com um grau de instrução maior, tiveram que
ocupar o lugar dos seus maridos na indústria para assim conseguirem sustentar a
sua família, enquanto estes combatiam pela pátria. Isto fez com que as mulheres
começassem a ganhar mais notoriedade na sociedade. Com esta nova visão do Mundo,
as mulheres queriam mais e mais, e não serem apenas meras marionetas nas mãos
de uma sociedade retrograda e preconceituosa.
Atualmente, nós
mulheres, temos os “mesmos direitos” que os homens, podemos votar, podemos
tirar um doutoramento, podemos gerir uma empresa, podemos até mesmo pilotar
aviões, contudo esta versão dos “mesmos direitos” não é tão linear assim.
Se observarmos o
mercado de trabalho depressa percebemos que este tem sido desigual no ponto de
vista salarial, isto é, se observarmos a diferença salarial entre homens e mulheres,
em 2014, na União Europeia, constatamos que existe uma disparidade de cerca de
16,2% a favor dos homens, ou seja, isto indica-nos que as mulheres trabalham
“gratuitamente” 59 dias por ano, tendo em conta a remuneração do homem. Não
obstante, esta diferença salarial diminuiu 1,6p.p desde 2006. Todavia, Portugal
não reflete esta tendência, pois desde 2006 o gap salarial entre homens e mulheres aumentou 6,1p.p, atingindo os
14,5%. Mesmo assim Portugal é o 9º país dos 27 países da União Europeia com uma
menor disparidade, sendo a Eslovénia quem ocupa o 1º lugar, com uma diferença
de apenas 2,9%, e a Estónia quem ocupa o último lugar, com uma disparidade de
28,3%. Esta realidade está presente em
todos os países da União Europeia, sem exceções, o que considero um triste
facto uma vez que as mulheres têm as mesmas aptidões que os homens.
Em relação às taxas de
desemprego de ambos os sexos, verificamos que a taxa de desemprego do sexo
feminino tem vindo a aproximar-se do sexo oposto, sendo que em 2013 apenas
tiveram 0,3p.p de diferença. Contudo, até nestes dados as coisas não são tão
simples quanto parecem uma vez que apenas 7,1% das mulheres em Portugal ocupam
cargos de chefia.
De facto, a luta pela
participação na vida cívica e por uma igualdade jurídica entre os sexos só foi
possível graças ao contributo de mulheres destemidas, persistentes e
resilientes. Ainda hoje, as mulheres continuam solidárias e empenhadas em lutas
contra o preconceito, a violência e a discriminação. Porém, a desigualdade e a
injustiça entre mulheres e homens ainda está muito presente na nossa sociedade.
A mudança de mentalidades é um longo caminho a percorrer!
Catarina
Sofia Martins Pereira
Fontes:
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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