A partir da 2ª metade do
século XX emergiu um novo fenómeno – o envelhecimento demográfico. A
pertinência do estudo do processo de envelhecimento encontra-se no crescimento acentuado
da população idosa a nível mundial. De facto, as estimativas apontam para a manutenção
deste perfil ascendente, tornando o envelhecimento um fenómeno real e preocupante
nas diferentes sociedades mundiais.
Na verdade, o termo
«envelhecimento» é cada vez mais comum nas conversas ou pensamentos quotidianos
de todos nós. Este pode ser de 2 tipos: envelhecimento na base ou no topo da
pirâmide de idades, consoante resulta, respetivamente, da diminuição da percentagem
dos jovens ou do aumento da percentagem de idosos. Estes dois tipos de envelhecimento
estão interligados e têm como causas uma diminuição da fecundidade e/ou um
aumento dos efetivos nas idades mais avançadas, ou seja, estamos perante um
declínio da natalidade e um aumento da longevidade.
Na Europa Ocidental e do Norte praticamente
todos os países são envelhecidos quer na base quer no topo. Na Europa Oriental
são, na generalidade, apenas envelhecidos na base, embora com uma tendência
para o rejuvenescimento, já o Sul da Europa é uma zona duplamente envelhecida. No caso de Portugal existe alguma
discrepância: na região norte existe uma elevada percentagem de jovens enquanto
que no Sul existe maior percentagem de idosos; já os distritos da faixa
interior do país são muito envelhecidos no topo e os distritos do litoral são
relativamente jovens no topo.
Segundo o Instituto
Nacional de Estatística (INE), quando comparamos Portugal com o conjunto dos 28
Estados Membros, concluímos que Portugal é o quinto país com o valor mais
elevado do índice de envelhecimento (relação entre o número de idosos e o
número de jovens), o terceiro com o valor mais baixo do índice de renovação da
população em idade ativa (relação entre o número de pessoas em idade potencial
de entrada no mercado de trabalho, 20 a 29 anos de idade, e o número de pessoas
em idade potencial de saída do mercado de trabalho ,55 a 65 anos de idade) e o
terceiro com maior aumento da idade mediana entre 2003 e 2013. De facto, face a
2003, o índice de envelhecimento passou de 100 para 119 idosos por 100 jovens
na UE 28.
Em Portugal, verifica-se
também o envelhecimento da população em idade ativa. Em 2003, por cada 100
pessoas dos 55 aos 64 anos de idade existiam 136 pessoas com 20 a 29 anos de idade,
valor que se reduziu para 84 em 2014. Porém, já desde 2010 que o número de pessoas
em idade potencial de saída do mercado de trabalho não é compensado pelo número
de pessoas em idade potencial de entrada no mercado de trabalho.
Outro indicador
importante é a idade mediana, sendo que, em 2013, a idade mediana da população
da UE 28 era de 42,2 anos e em Portugal era 43,1 anos. Entre 2003 e 2013, a
idade mediana na UE 28 aumentou 3,0 anos. Neste período, verificou-se um aumento
em todos os Estados Membros da UE 28, sendo que em Portugal e na Alemanha
aumentou 4,0 anos.
Como referido no “World
Population Ageing 2013”, relatório divulgado em 2013 pela Divisão de População
das Nações Unidas, a proporção mundial de pessoas com 60 e mais anos de idade
aumentou de 9,2% em 1990 para 11,7% em 2013, e espera-se que continue a
aumentar, podendo atingir 21,1% em 2050. A população idosa é predominantemente
composta por mulheres, porque estas tendem a viver mais do que os homens. Em
2013, a nível mundial, havia 85 homens por cada 100 mulheres no grupo etário
dos 60 e mais anos, e 61 homens por cada 100 mulheres no grupo etário dos 80 e
mais anos. É expectável que este rácio aumente moderadamente nas próximas
décadas, refletindo uma melhoria ligeiramente mais rápida na esperança de vida
dos homens nas idades avançadas.
No caso português, entre
1970 e 2014, a proporção da população jovem (0 a 14 anos de idade) diminuiu 14
pontos percentuais (p.p.), passando de 28,5% do total da população em 1970 para
14,4% em 2014. Por sua vez, o peso relativo da população idosa (65 e mais anos
de idade) aumentou 11 p.p., passando de 9,7% em 1970 para 20,3% em 2014. A
população em idade ativa (15 a 64 anos de idade) aumentou 3 p.p. entre estes
anos: 61,9% em 1970 e 65,3% em 2014. O
número de idosos ultrapassou o número de jovens pela primeira vez, em Portugal,
em 2000, tendo o índice de envelhecimento, atingindo os 141 idosos por cada 100
jovens em 2014.
Assim, o envelhecimento
demográfico apresenta-se como um verdadeiro desafio para as sociedades
contemporâneas que importa conhecer e dar resposta.
Cristiana Filipa Pereira Novo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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