Microempresa é uma
empresa de pequena dimensão que emprega menos de 10 trabalhadores e cujo volume
de vendas não ultrapassa os 2 milhões de euros.
Desde sempre, Portugal
foi um país com um elevado número de micro, pequenas e médias empresas e esta
situação ainda é bem atual: “As micro, pequenas e médias empresas eram em 2008
responsáveis por quase três quartos dos empregados no sector privado não
financeiro em Portugal e mais de metade do volume de negócios. Entre todas as
350 mil empresas portuguesas, mais de 85% empregam menos de 10 trabalhadores. Em
2008, existiam 349756 micro, pequenas e médias empresas em Portugal,
representando 99,7% das sociedades do sector não financeiro. Entre este universo,
as microempresas (que empregam menos de 10 trabalhadores) predominam,
representando 86% do total das PME.” (fonte: jornal de negócios)
Parte destas
microempresas são o “ganha-pão” do agregado familiar e os funcionários
geralmente são os familiares diretos. Nas pequenas e médias empresas deixamos
de ter tantas empresas “familiares” e começamos a ter uma maior produção e um
maior volume de negócios, no entanto nada tem a ver com o volume de negócios de
grandes empresas tanto no global da empresa como per capita. “O volume de negócios per capita nas PME registou um valor de aproximadamente de 93 mil
euros por trabalhador, em oposição aos cerca de 178 mil euros observados nas
grandes empresas.” (fonte: jornal de negócios).
No ano passado,
verificou-se um maior aumento no emprego por parte das grandes empresas do que
nas PME. Em relação à criação de riqueza e de emprego, a situação é diferente,
pois o aumento da faturação ou volume de negócios das PME cifrou-se nos 3,4%
enquanto que o aumento nas grandes empresas ficou-se pelos 0,8% (dados do INE).
Na região Norte, a
indústria têxtil sempre foi a grande dinamizadora da economia desde o início do
século passado até, mais ou menos, aos anos 80, gerando emprego para a maioria
da população aí residente. A partir dessa altura verificou-se uma enorme crise
neste setor derivado da concorrência vinda, principalmente, dos países
Asiáticos e outros países emergentes, nomeadamente países Sul-Americanos, o que
acabou por nos afetar pois esta atividade era um dos pilares da nossa economia.
Com esta quebra enorme
da atividade do setor têxtil, aliada a um surto de desemprego daí decorrente,
bem visível na zona do Vale do Ave, houve a necessidade de nos adaptarmos às
novas exigências do mercado global (ao qual não estavamos minimamente “ligados”),
despoletando a criação de microempresas que diversificassem os seus produtos e
reintegrassem estes trabalhadores que tinham acabado de ficar desempregados. O
governo teve um papel muito importante ao aplicar políticas de incentivo à
criação de emprego, o que também levou à proliferação de novas microempresas.
Uma forma de as
microempresas crescerem é terem ajuda por parte de grandes empresas, tanto a
nível financeiro como organizacional, pois uma coisa é organizar um pequeno
armazém, gerir menos de 10 pessoas e ter apenas alguns clientes e fornecedores
de pequenas quantidades, outra coisa é ter vários armazéns, mais de 250
trabalhadores e ter vários clientes e fornecedores, lidando com quantidades
enormes. Se houver uma ajuda por parte das grandes empresas, a transição de
microempresa para pequena ou média empresa torna-se mais fácil e no futuro o
passo para grande empresa também será mais acessível. O facto de muitas grandes
empresas serem internacionais também pode ajudar nas relações entre as microempresas
portuguesas e empresas estrangeiras devido aos contactos que as grandes
empresas internacionais têm.
Em jeito de conclusão,
penso que, em Portugal, o facto de ainda não haver uma estratégia de fundo a
nível nacional de médio/longo prazo no que respeita a um programa de
reestruturação do nosso tecido empresarial e industrial faz com que estejamos sempre
dependentes de fatores externos.
Paulo
Alves
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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