O Deutsche Bank é uma das
instituições financeiras mais relevantes no contexto da Economia Internacional.
Este é o quarto maior banco do Mundo, o maior da Europa, e em Dezembro de 2015
empregava mais de 100000 trabalhadores em 73 países diferentes.
Apesar da sua grande dimensão,
desde o início do ano que os investidores têm vindo a perder confiança no
gigante Alemão, levando a uma descida da cotação em bolsa de quase 50% ao longo
do ano de 2016. Esta falta de confiança foi exacerbada pela notícia de que os
E.U.A pretendem aplicar uma multa de 14 mil milhões de dólares, referentes a
más práticas por parte do Deutsche Bank associadas a instrumentos financeiros
baseados em hipotecas imobiliárias. Este tipo de instrumentos esteve na base da
crise bolsista de 2008, crise essa que deixou marcas não só na economia dos
E.U.A. mas também no Resto do Mundo.
Assim, é natural que se
comece a ponderar na necessidade de um resgate para o 4º maior banco do mundo.
Segundo o CEO do mesmo, John Cryan, o banco não tenciona pagar uma multa tão
elevada à justiça norte-americana, nunca pediu ajuda ao governo Alemão, e nem o
tenciona fazer, sendo que a 30 de Junho de 2016 o gigante Alemão apresentava
reservas financeiras de 223 mil milhões de euros. Apesar de esta ajuda não ter
sido pedida, Andreas Dombret, o responsável pela área de supervisão do Banco
Central Alemão, comparou o Deutsche Bank aos dinossauros, dizendo que o tamanho
não os salvou da extinção, e que os bancos têm de fazer modelos de negócios que
evitem os resgastes públicos, nem que para isso tenham de reduzir o seu
tamanho. Assim sendo, os responsáveis do Banco Alemão estão neste momento a
negociar a multa com a justiça dos E.U.A., sendo que alguns analistas preveem
que esta não passe dos 5 mil milhões de euros.
Para além de estarmos a
falar da falência do 4º maior banco do mundo, podemos também estar a falar da
falência do sistema bancário europeu e mundial. Se o Deutsche Bank falir, é
natural que o sistema caia com ele, visto que este gigante detém títulos no
valor de 1,8 biliões de euros, mais de metade do valor do PIB Alemão. O impacto
da falência deste banco faria com que grande parte da banca europeia e
bastantes empresas multinacionais vissem as suas ações baixar abruptamente de
preço, criando instabilidade nos mercados e podendo gerar uma crise à escala
global.
Apesar do Banco Central
Alemão ter tomado uma posição de receio contra o resgate, o governo ainda não
se pronunciou, e a Chanceler Angela Merkel está numa posição complicada. Por um
lado, a Chanceler têm de manter a posição que defendeu quando bancos
Portugueses e Italianos necessitaram de um resgate, que foi de resolução não
estatal. Por outro lado, o governo Alemão não pode correr o risco de deixar
cair uma instituição financeira que possa arruinar por completo os mercados
bolsistas Europeus. Este dilema fica ainda mais complicado pois Angela Merkel
prometeu aos contribuintes que não faria um resgate público e, sendo que as
eleições Alemãs são no próximo ano, a Chanceler não se pode dar ao luxo de
perder eleitores para o movimento de extremismo político que se tem adensado
nos últimos anos na Europa.
Em Portugal, está
prevista a redução da posição do Deutsche Bank, através do encerramento de 15
das 50 sucursais portuguesas e do despedimento de 10% dos trabalhadores. Além destes
despedimentos, o Deutsche Bank também vendeu alguns ativos indexados a
obrigações da PT International Finance, que registaram perdas de 82 milhões de
euros para os investidores. Estes afirmam que os títulos foram anunciados como sendo
seguros e que ponderam levar o banco a tribunal, num caso semelhante ao do
papel comercial do BES.
Concluindo: a instabilidade
em torno do Deutsche Bank já está a provocar maleitas na economia europeia e
portuguesa. No entanto, se o risco de falência não for atenuado rapidamente, as
consequências para a economia mundial serão irreversíveis, e podemos estar à
beira de uma crise bolsista tão grande como a de 2008.
Nuno Filipe Santos
Fontes:
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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