“O tamanho não salvou os
dinossauros da extinção”. Se tivesse que ser nomeada uma expressão que melhor
caracterize o que aconteceu recentemente com o gigante bancário alemão Deutsche
Bank, Andreas Dombret do Bundesbank certamente ganharia o prémio
final.
Após a recente ameaça por
parte do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América de multar o
maior banco alemão em 14 mil milhões de dólares, não restam dúvidas que a Zona
Euro pode ter em mãos o seu próprio Lehman Brothers. Mas o que levou ao
Estados Unidos a fazer a tremenda ameaça que fez, que levou a que as ações
deste banco caíssem em mais de 20% em Setembro de 2016? A resposta é: o papel
ativo do Deutsche Bank na crise financeira de 2007/2008.
Esta mera especulação de
uma sanção de tamanho catastrófico abalou os mercados e afastou acionistas e
investidores privados recentemente. O preço das ações, que no início do ano
rondava os 21,45€, atingiu no dia 27 de Setembro o seu ponto mais baixo, com
preços a rondar os 10,55€. Apenas um reforço de capital tremendo pode evitar a
queda, diluindo os montantes detidos pelos atuais acionistas, fazendo com que o
preço das ações deixe de continuar a descer sem vontade de parar.
Com investidores privados
e acionistas a afastarem-se cada vez mais, a questão que paira no ar
ultimamente na Zona Euro é só uma: irá Angela Merkel e o seu governo permitir
uma injeção de capital do estado e desta forma resgatar o banco que nunca iria
cair? O vice-chanceler alemão Sigmar Gabirel, de certa forma, já respondeu a
essa questão: “Não sei se chore ou se
ria ao ver um banco que fez da especulação um modelo de negócio colocar-se
agora na posição da vítima.” E com as novas regras do sistema bancário,
que entraram em vigor no início de 2016 na Zona Euro, que impedem uma injeção
de capital por parte do estado antes de acionistas e credores assumirem as suas
perdas, o governo de Merkel vê-se impedido de ajudar. Uma mudança brusca por
parte da Alemanha com vista a salvar o Deutsche Bank assassinaria toda a
legitimidade que poderia ter em pedir para que os restantes países da Zona Euro
cumpram estas e outras regras.
As negociações sobre qual
será o valor ao certo que a Alemanha poderá ter que pagar são atualizadas
diariamente e o consenso parece estar longe de ser atingido. Esta instabilidade
pode contribuir para que o preço das ações e para que o próprio futuro do Deutsche
Bank sejam uma incerteza constante.
António Melo
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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