Entre
2000 e 2013, a taxa de desemprego aumentou de forma contínua, alcançando um
máximo de 16,2%. Atendendo a que, por norma, um aumento do desemprego retrai o
consumo, diminuindo a produção e, por consequência, o produto do país, o fenómeno
constitui uma enorme preocupação para a sociedade como um todo e, em
particular, para os decisores políticos que assistem a um período de cada vez
maior desaceleração económica, não conseguindo inverter a recessão mundial.
Ora, o facto de o desemprego aumentar implicou
uma dificuldade acrescida para os jovens ingressarem no mercado de trabalho.
Por consequência, a taxa de desemprego jovem acompanhou a tendência, sendo que
em 2013 atingiu os 38,1%, constituindo um dos valores mais elevados da União
Europeia. O fenómeno é particularmente relevante quando reparamos que estes
números não são apenas compostos por jovens com níveis de escolaridade baixos,
mas também pelos possuidores de educação superior.
Contudo,
após o máximo alcançado em ambas as taxas de desemprego apresentadas
anteriormente, o rumo inverteu-se no final de 2014. Apesar de a taxa de
desemprego jovem atual rondar os 28,6%, não se pode considerar um valor bom,
uma vez que ainda é considerado um valor elevado, quando comparado com a taxa
média de desemprego jovem da União Europeia - 18,6%.
Os
motivos de taxas tão elevadas são variados,
podendo-se apontar, sobretudo, as condições laborais existentes (por exemplo, é
mais fácil contratar um jovem a regime temporário), a falta de experiência dos
jovens, o fraco crescimento económico (a par das condições laborais, é mais
fácil despedir quem está há menos tempo na empresa), o aumento da idade da
reforma (tornando mais difícil a empregabilidade de jovens) e a desadequação
dos cursos oferecidos às necessidades do país.
Quais
as consequências de tão elevada taxa de desemprego jovem? É indubitável que a
situação já frágil da Segurança Social se vê ainda mais agravada, visto que não
se procede à renovação da população ativa nos números ideais. Para além disso,
os líderes do futuro são os jovens da atualidade. Sem o espírito crítico de
alguém sedento de mostrar as suas capacidades, bem como as capacidades
tecnológicas tão em voga nos estudantes atuais, estará o país preparado para
aumentar os níveis de produtividade para os valores desejados? Além disso, para
o assunto em discussão, importa referir que o Estado comparticipa em elevados
valores para que o acesso ao ensino superior seja possível para todas as
classes, ao invés da elite do passado. Investe na educação dos jovens esperando
que estes no futuro retribuam, através do pagamento de impostos, do consumo...
Desta forma, o país, ao estar a perder muitos dos seus licenciados para o
estrageiro está, evidentemente, a fazer um mau investimento, pelo que se deverá
evitar a todo o custo que esta taxa de desemprego continue em valores elevados.
Por outro lado, parte dos jovens que decidem ficar, acabam
por nem conseguir trabalhar na área para a qual estão formados, fazendo com que
percam competências e nunca trabalhem na sua área.
E
é mais fácil atualmente? É ligeiramente mais fácil! O crescimento económico,
apesar de fraco, contribuiu para que a taxa de desemprego diminuísse e o Estado
(por intermédio das instituições de ensino e das empresas) tem criado
incentivos para que este fenómeno melhore. Contudo, não está tudo feito. É
necessário fazer algo mais. Precisamos de jovens mais ativos e mais empenhados.
Perante um mercado em constante mudança, é necessário investir nas competências
transversais, ou seja, é preciso tornar os nossos jovens mais versáteis para
que consigam responder a qualquer adversidade. Do ponto de vista económico, é
necessário crescimento económico sustentável para que a tendência de decréscimo
continue.
A
principal solução deste fenómeno é o investimento imaterial. Investimento na
formação e na educação dos jovens. O futuro dependerá daquilo que fizermos
hoje.
Telma
Silva
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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