Mas afinal o que é isto
dos impostos? Numa linguagem mais comum e menos formal, podemos dizer que
impostos são encargos sobre contribuintes e sobre as ações económicas destes e
que servem para ajudar o Estado de modo a que este possua fundos para gerir o
país, quer a nível económico, quer a outros níveis.
Este conceito de
impostos não é recente e não é só aplicado no nosso país, como é óbvio; ele advém
já dos tempos do Antigo Egito, em que os faraós cobravam aos seus súbditos, ou
seja, desde 3000 a.C. - 2800 a.C. Se desde estes tempos os impostos existem e
têm tido um papel importante ao longo destes anos, não faz nenhum sentido
acabar com estes, ao contrário do que muita gente pensa.
Em Portugal, em
particular, a população vive revoltada com a quantidade e natureza dos impostos
que lhes são cobrados por não perceberem o porquê de estes existirem e de lhes
“roubarem” parte do que é deles. Realmente, segundo dados da OCDE de 2014 e
analisando o ranking dos países com
mais impostos, Portugal aparece em 16º, com um valor de 34,4% em percentagem de
PIB. Realmente, os portugueses têm razão em parte da revolta deles, no entanto
não são os mais prejudicados com os impostos pois países como a Dinamarca,
França ou Bélgica aparecem no pódio com taxas de impostos muito próximas de 50%
em percentagem de PIB.
Recentemente, com a
proposta de orçamento de Estado para 2017, surgiram impostos considerados por
muita gente ridículos: imposto sobre as bebidas açucaradas, denominado Imposto
“coca-cola”, que se espera que gere 80 milhões de euros para o país. O
executivo de António Costa diz que esta alteração "sustenta a eficácia da
medida na redução do consumo de açúcar, especialmente nas crianças, e a
poupança de custos para os sistemas de saúde". "Seguindo o exemplo de
outros países europeus, o imposto irá incidir sobre as bebidas açucaradas com
menor valor nutricional, ficando isentos os sumos de frutas e néctares, bem
como as bebidas lácteas". Analisando isto de uma forma mais virada para a
saúde e com preocupações relativas aos elevados níveis de obesidade que se têm
verificado em Portugal, este imposto não é de todo ridículo mas, aos olhos da
população consumidora deste tipo de bebidas e sem essas preocupações de saúde,
é o imposto mais ridículo que o Governo podia implementar.
Se nos pusermos dos 2
lados na análise deste imposto podemos ver que ambos têm razão: é um imposto
bom e ridículo ao mesmo tempo. No entanto, se voltarmos uns anos atrás e
analisarmos os vários impostos que já foram aplicados pelo mundo fora ao longo
dos tempos, vemos que este imposto não é nada comparado com alguns exemplos que
vamos ver agora.
Vamos então olhar para
alguns exemplos mais estranhos: na Bélgica,
em 2007, foi implementado um imposto sobre fazer churrasco. A justificação
para tal imposto tem a ver com questões ambientais, isto é, de modo a que se
reduza o aquecimento global; na Estónia, em 2008, o Governo decidiu implementar o
imposto sobre “gases digestivos”. Este imposto incide apenas em criadores de
vacas pois, segundo as autoridades, estes
animais emitem uma grande quantidade destes gases fortes, poluindo o ar; na Áustria existe o imposto sobre o
gesso, pois todos os anos cerca de 150 mil esquiadores vão parar aos hospitais
devido a quedas quando estão a esquiar. Para diminuir este número, as
autoridades decidiram criar um imposto designado “Imposto Gesso de Turismo”.
Nem os EUA escapam a impostos
ridículos: desde 2005 que os cidadãos de Maryland pagam um imposto de 3 dólares
por descarga feita de água.
E quando se paga um
imposto por contribuir de algum feito para a humanidade? É verdade, o “Imposto
do Nobel” também existe. Os vencedores de prémios Nobel pagam um imposto pelo
prémio recebido, e apenas são isentos deste imposto se doarem o prémio, na sua
totalidade, a uma instituição de caridade.
Em Portugal, além deste
imposto “coca-cola”, proposto no orçamento de Estado para 2017, há também um
outro imposto que gera muita polémica: o aumento do IMI, de 5% para 20%,
derivado do fator localização, isto é, casas com maior exposição solar ou uma
vista mais privilegiada irão sofrer com este aumento do Imposto Municipal sobre
Imóveis.
Os portugueses podem-se
queixar à vontade e têm liberdade para isso, no entanto se olharem para os
impostos dos outros países, como os referidos anteriormente, deviam pensar 2
vezes antes de questionar a existência de determinados impostos no país, pois
qualquer dia surge um imposto ainda mais ridículo, do género “Imposto da
Existência”. Parece estúpido não parece? A verdade é que não é assim tão
estupido pelo facto de, no século XIV, na Inglaterra,
este já ter existido. Portanto, antes de nos queixarmos, vamos mas é ter
consciência que tanta revolta pode levar a que o Governo tome medidas como
esta.
Ana
Margarida Magalhães Seara
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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