A guerra civil na SÍRIA teve início em março de 2011, quando
uma parte da população se manifestava contra o regime ditador de Bashar
al-assad em contexto de uma revolução denominada primavera árabe. Com o passar do tempo, o cenário tem-se tornado
bastante temeroso com a entrada, neste conflito, dos EUA e da RUSSIA. Estes,
gozando do estatuto de grandes
jogadores, transformaram este conflito interno num jogo global pelo controlo
militar e económico daquele território, em que no coração desta disputa estão
as COMMODITIES.
A geografia de guerra de conquista e de posicionamento entre
os dois blocos está claramente relacionada com o controlo geoestratégico dos
recursos naturais fundamentais (energéticos). A primeira guerra pelos recursos
foi a «Guerra do Golfo», em 1991. Depois destas, diversas guerras aparentemente
civis surgiram em alguns pontos do globo, nomeadamente em África, e no Médio
Oriente hoje vemos o mesmo «fluxo vicioso» na Síria. Entre 2011 e 2015, os
principais indicadores económicos da Síria apresentaram um comportamento
degradante, refletindo e promovendo de uma forma negativa o aumento do fluxo de
refugiado. Desde então esta situação expõe estas pessoas às condições desumanas
em que milhares perdem a vida tentado escapar do conflito civil que assombra as
ruas da Síria.
Esta crise pode ser vista como uma oportunidade que a Europa
tem para diminuir o impacto que as elevadas taxas de envelhecimento têm na
sustentabilidade da economia ao longo do tempo, sendo que os refugiados na sua
maioria procuram asilo em território europeu, nomeadamente nos países da União
Europeia. Entre 2012-2015, a União Europeia gastou quase 2 biliões de Euros em
cercas, segurança de alta tecnologia e patrulhamento das fronteiras. As maiores
dificuldades, dizem os Governos, não estão apenas em mensurar os benefícios
retirados caso permitam os refugiados no seu território, mas na indisponibilidade
no que diz respeito à sustentação destas pessoas.
Sublinho que, mesmo que a Europa aceite os 4 milhões de
refugiados da Síria, a população muçulmana na Europa aumentaria de 4% para 5%. Claramente,
isso não tornaria a Europa um continente muçulmano, muito pelo contrário
ajudaria a recuperar os níveis de natalidade no Ocidente. Estudos revelam
também que, apesar das taxas de natalidade serem altas entre os muçulmanos na
Europa, elas diminuem e se ajustam conforme o nível de rendimento e a educação
aumentam. No mesmo contexto, dados mostram-nos que a maioria dos refugiados
Sírios já são formados, facto este que contribuiria de uma forma positiva para a
força-de-trabalho na Europa e estes seriam suficientes para sustentar a
população envelhecida, utilizando modelos de «Life Time Utility», como por exemplo o Sistema de Repartição.
Por fim, digo que seria benéfico para os países da União Europeia
se criassem um modelo eficiente que os permitisse mensurar custos e benefícios
de receber refugiados no seu território. Com base nesses resultados do modelo
deveriam tomar uma decisão sobre a matéria do acolhimento, isto é, não
considerando apenas as questões humanitárias, mas como também económicas.
Marcos Fernando
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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