É sabido que Angola e Portugal têm fortes relações comercias, politicas e culturais há longo tempo. Um abrandamento na economia angolana trará consigo um impacto negativo sobre a economia portuguesa; vejamos:
Em finais do ano de 2014, quando os mercados registavam uma queda acentuada dos preços
do barril de petróleo, a economia angolana passou para uma fase de
desaceleração económica contínua e de desequilíbrios das contas públicas
e externas, que se estendem até aos dias de hoje, visto que a mesma
tem uma forte dependência do setor petrolífero, que em 2014 gerava 68% das receitas orçamentais e também representava 97% das exportações de bens.
Face
à queda nos preços do barril de petróleo, Angola passou a registar
dificuldades na aquisição de divisas, dificuldades estas que levaram a
uma
depreciação da sua moeda, tanto nos mercados oficiais, como também nos
mercados informais, onde os valores da transação chegaram a quadruplicar
os valores estabelecidos no mercado formal.
Com a crise do petróleo e a desvalorização do Kwanza face ao Dólar Norte-Americano,
aliados a forte dependência da importação de bens e serviços básicos,
criaram-se as condições necessárias para o empobrecimento dos angolanos e
o encarecimento dos produtos. A falta de divisas levou a redução das
importações e, por isso, vários
produtos começaram a faltar no país. Associado a tudo isto, observamos
que a vida em Angola torna-se cada vez mais cara e a taxa de inflação
acumulada subiu para valores próximos dos 31%, segundo dados do BNA.
Portugal tem uma grande facilidade para exportar
uma grande variedade de bens e serviços, que vão desde os mais óbvios aos mais
incomuns, tendo como Angola um dos principais destinos das suas
exportações e também um grande destino para muitos portugueses que
abraçam novas oportunidades de trabalho e não só.
As
trocas comerciais entre os dois países tiveram um aumento
significativo no período compreendido entre 2002 e 2014, e diminuíram de
forma marcante em 2015, verificando-se um agravamento ao longo do ano.
Em Portugal existem mais de 9400 empresas a exportarem
os seus produtos para Angola, e, destas, mais de metade exporta única e
exclusivamente para Angola, ou seja, dependem 100% do mercado angolano
para efetuarem as suas vendas no exterior.
A falta de diversificação e forte exposição ao mercado angolano
de milhares de micro, pequenas e médias empresas torna-as vulneráveis,
com ameaças à sua tesouraria, que muito provavelmente as vieram/virão a colocar
em sérias dificuldades, por dois motivos:
- Por um lado, as necessidades de importações de Angola tenderão a reduzir-se, por força do encolhimento e dos condicionantes que afetam a procura doméstica;
- Por outro lado, a queda das receitas petrolíferas denominadas em dólares refletem-se em escassez da moeda e maior dificuldade em realizar pagamentos internacionais, pelo que haverá uma tendência para acumular dívidas com os seus parceiros comerciais.
Contudo,
o cenário em angola pode fazer com que muitas empresas encerrem as
suas atividades, trazendo consigo grandes consequências económicas e
sociais.
A queda nos preços
do barril do petróleo nos mercados internacionais faz com que as
instituições públicas angolanas tenham menos receitas para exercerem as
suas atividades, e com isso o país reduziu o fluxo de transações
comerciais com o exterior, havendo períodos em que se decretava um limite máximo de importação de bens e serviços.
Daí,
é fácil perceber que, se existe um limite de importação ou compras, do
outro lado, os seus parceiros comerciais também exportarão menos.
Edilson Gonga Mateus
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário