segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O TEMPO DO TURISMO



Reconhecido como o tesouro da economia, o setor turístico é um dos principais potenciadores do crescimento económico. Em Portugal, o turismo constitui hoje uma importante componente da economia e é um dos setores de atividade em maior crescimento. Este ano, foi considerado o país da bacia do Mediterrâneo com maior crescimento no turismo, 11.5%, o que permitiu a criação de 40000 postos de trabalho no setor.  
Desde os anos 60 que se assiste a um crescimento continuado do turismo, com a predominância do turismo balnear. No entanto, as modas de turismo estão a mudar e, apesar dessa tendência se continuar a verificar, assiste-se ao desenvolvimento e à procura de outros produtos turísticos. Se antes os turistas rumavam em massa ao Algarve para aproveitar o sol e as praias, agora procuram cada vez mais novas regiões e novas ofertas.
Portugal está na moda para fazer turismo. Mas afinal quais são as razões que levam os turistas a procurar o nosso país? A conjuntura económica e social dos países da Europa e Norte de África, o vasto leque de atributos turísticos, como a diversidade de paisagens naturais e urbanas, a hospitalidade e simpatia do povo português, o extenso litoral propício à prática de atividades náuticas, o património histórico e cultural e a riqueza da gastronomia e vinhos estão entre os principais.
O crescimento do turismo é, também, resultante da alteração dos hábitos de férias dos portugueses, que optam cada vez mais por fazer férias cá dentro, do aparecimento das companhias low cost e do aumento da procura quer pelos mercados que tradicionalmente procuravam Portugal (Alemanha, França, Reino Unido, Espanha), quer por novos mercados (China e EUA).
Há uma maior consciência de que não é só captar os turistas, mas proporcionar-lhes uma experiência de valor e, fundamentalmente, criar uma relação de fidelização. Tal como diz o presidente do Turismo de Portugal, “De nada adianta acertar em cheio no público que queremos atingir, e de nada adianta convencer as pessoas a visitar Portugal, a conhecer as nossas cidades, património e gastronomia, se, cá chegadas, saírem desiludidas e partilharem más experiências. A promoção é importante. Ter bons produtos para promover ainda mais. E nisso, Portugal tem muitos e bons argumentos”. Nesse sentido, é necessário a intervenção dos vários atores do setor, não só a hotelaria e a restauração, mas também a oferta cultural, o património, a natureza e a animação turística, que são valências que antes não estavam ligadas ao turismo e que agora passam a ser entendidas como um valor único que melhora a experiência dos visitantes.
O esforço conjunto e o entendimento de todos os intervenientes do setor de que a satisfação dos turistas está dependente da qualidade dos produtos e serviços que oferecem tem permitido a Portugal construir uma estrutura turística cada vez mais sólida. O nosso país volta a estar em destaque nos World Trade Awards, depois de no ano passado ter conquistado 14 vezes o primeiro lugar. Na edição de 2016, venceu em 23 categorias a nível europeu, das 91 em que estava nomeado – melhor destino de praia (Algarve), melhor projeto de desenvolvimento turístico (Passadiços do Paiva), melhor porto de cruzeiros (porto de Lisboa), melhor empresa de cruzeiros fluviais (Douro Azul), melhor destino de ilhas (Madeira), melhor hotel de negócios (Myriad by SANA Hotels), entre outros.
Perante o reconhecimento do turismo como um dos mais importantes recursos económicos e a consciência de que há ainda alguns desafios que têm de ser superados, nomeadamente as assimetrias regionais, a sazonalidade e a qualificação da mão-de-obra, é fundamental que se elabore uma estratégia de turismo para os próximos anos com o intuito de perceber quais devem ser as próximas apostas e que tipo de medidas devem ser tomadas para ter um turismo mais sustentável, mais de acordo com aquilo que a procura quer mas, fundamentalmente, um turismo que traga mais riqueza e reconhecimento para o país!

Francisca Silva Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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