segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Consumo privado, poupança e investimento num cenário de crise económica

        O consumo privado é realizado por dois tipos de agentes económicos: as famílias e as empresas. Em ambos os casos, para consumir é utilizado parte ou a totalidade do rendimento disponível que detêm.
Em cenário de crise económica é de esperar uma redução tanto do consumo privado como do investimento. Existem vários motivos que podem ser responsáveis por este comportamento, nomeadamente a corrida à poupança e o aumento do desemprego. Percebemos que quando entramos num clima económico muito negativo o medo que este provoca nos agentes económicos leva-os a não arriscar no investimento e a guardar uma parte maior do seu rendimento, em forma de poupança, para que possa ser utilizado futuramente numa situação imprevista ou de aperto.
De facto, o INE registou um aumento da poupança das famílias para 13,6% no 2º trimestre de 2013. Este aumento tem subjacente a diminuição de 0,5% do consumo privado efetuado pelas famílias. Isto pressupõe que a capacidade de financiamento destes agentes económicos aumentou, no entanto a situação financeira dos agregados familiares ainda regista uma taxa de -36,2%. Isto indica a dificuldade económica em que muitas famílias portuguesas se encontram, que na minha opinião se deve em grande medida ao esforço fiscal e financeiro desmedido que é exigido pela TROIKA e aceite sem contestação pelo nosso governo.
Após uma queda colossal do investimento entre 2010 e 2012, justificada principalmente pelo tombo do investimento empresarial, que surgiu da deterioração das perspetivas de venda devido à incapacidade remuneratória para consumo dos restantes agentes económicos e da previsão da não rendibilidade dos investimentos, vemos agora um aumento do mesmo no segundo trimestre de 2013.
A meu ver, Portugal está num ciclo vicioso do qual não consegue sair. A solução seria o Estado promover o investimento, sobretudo empresarial, direcionado para o aumento da produção e do emprego, que faria aumentar a capacidade financeira das famílias e das empresas, que por sua vez iriam consumir mais e estimulando os agentes para mais investimento.
O que o nosso Governo está a conceber é um sufoco das empresas e das famílias através da carga fiscal que as impede de consumir e investir, que provavelmente iria libertar a nossa economia da situação drástica em que se encontra.

Sofia Lopes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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