quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Políticas monetárias do BCE e o impacto na economia

          Estabilidade dos preços é uma das principais prioridades do Banco Central Europeu, tentando garantir que o dinheiro conserva o seu valor ao longo do tempo. A queda dos preços ou deflação é um outro extremo da batalha do BCE, contudo, a inflação tem vindo a ser o foco desta crise, tentando mantê-la abaixo, mas próximo, dos 2%. Mas então o que é exatamente a inflação? Inflação é taxa de aumento de preços ou do custo de vida durante um certo período de tempo. Basicamente, diz-nos que podemos comprar menos com 1 euro do que anteriormente.
É extremamente importante ver exatamente o que causa este aumento dos preços. Exemplos como se de repente todo o mundo pretende comprar um determinado jogo e os fabricantes não podem fazer o número suficiente, ou se houver mau tempo ou um acidente com efeitos negativos na produção, tudo isto levará a que os preços subam, sendo estes bons exemplos ilustrativos das causas do aumento dos preços. Se há muita oferta de dinheiro, as pessoas têm mais dinheiro para gastar, por exemplo, num televisor, por isso vão gastar mais dinheiro nessa aquisição. Ou se de repente há um aumento na taxa de juro, o governo irá gastar mais, logo a inflação vai subir. Assim, ficamos agora a conhecer melhor as causas e efeitos da inflação no nosso dia-a-dia.
            Outro ponto de extrema importância são as taxas de juro. As taxas de juro são outra ferramenta utilizada pelos bancos centrais para estabilizar as economias. Com a crise, começaram a descer as taxas de juro. Temos o exemplo exato do passado dia 7 de Novembro de 2013, em que o Banco Central Europeu surpreendeu os mercados ao reduzir a taxa de juro diretora para os 0.25%, um mínimo histórico. Esta é a segunda baixa no preço do dinheiro na zona euro este ano, depois da descida anunciada em Maio.
O BCE, ao reduzir a taxa de juro aplicável às principais operações de refinanciamento em 25 pontos base, para 0,25%, e a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez em 25 pontos base, para 0,75%, pretendeu diminuir ainda mais as pressões de preços subjacentes na área do euro, a médio prazo. Depois da taxa de inflação ter desacelerado em Setembro, nos 0,7%, para níveis que os analistas já consideram perigosos, isto devido à possibilidade da zona euro entrar num processo de deflação, devido também ao desemprego manter-se em níveis recorde e, por último, devido às baixas expectativas para o crescimento da economia da região da moeda única durante este ano e o próximo, o BCE viu-se então pressionado a baixar a taxa de juro.
Tal medida pretende encorajar os bancos a emprestar dinheiro em vez de deixá-lo no BCE, embora isso provavelmente tenha também um grande impacto nas próprias operações dos bancos e implicações para o financiamento e mercados de títulos. Isto porque o valor desta taxa é o preço que os bancos pagam pelos empréstimos contraídos junto do Banco Central Europeu. Este “preço de compra” constitui um fator importante para os bancos na definição das taxas de juros a aplicar no momento em que estes concedem empréstimos. Baixando ou aumentando a taxa de juros, o BCE influencia indiretamente o nível das taxas aplicadas pelos bancos em, entre outras, transações interbancárias, empréstimos a empresas, empréstimos para consumo, hipotecas e contas de poupança. 
            Deste modo, conseguimos perceber que o Banco Central Europeu e as suas políticas e medidas têm grande impacto nas economias da zona Euro e, por conseguinte, em todo o mundo. Este foi criado com o objetivo de preservar o poder de compra do euro, assegurando assim a estabilidade dos preços, sendo que as suas medidas vão sempre ao encontro destes ideais.
Com todo este cenário de crise que temos presenciado, percebemos que a política monetária praticada continuará a ser acomodatícia por tanto tempo quanto for necessário, tentando continuar a ajudar à recuperação económica gradual, evitando recessões, refletindo-se nos indicadores de confiança, quer das empresas, quer das famílias. A detioração da economia na zona Euro e, em particular, o alto nível de desemprego contribuíram e vão continuar a contribuir para que as taxas de juro diretoras se devam manter nos níveis atuais ou menores por um período ainda prolongado. Essa expectativa continua a basear-se numa perspetiva global para uma inflação moderada a médio prazo, dada a fraqueza da economia e a dinâmica monetária suave.
Os riscos em torno das perspetivas económicas para a zona euro continuarão a ser o lado negativo. Evolução da moeda global e as condições do mercado financeiro, e incertezas relacionadas, podem ter o potencial de afetar negativamente as condições económicas. Outros riscos incluem a alta comodidade de preços e a implementação lenta ou insuficiente de reformas estruturais nos países da área do euro.

Rita Isabel Carneiro Araújo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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