sábado, 30 de novembro de 2013

Transmissão intergeracional da pobreza em Portugal

Quando estudamos uma transmissão intergeracional da pobreza, a noção de pais ultrapassa, neste caso, a existência de uma relação biológica ou de adopção legal, questionando-se o indivíduo sobre a pessoa/pessoas, a quem este atribuía a figura parental, no período de referência.
 A pobreza, enquanto conceito multidimensional, pode ser perspectivada de diferentes formas e ser objecto de várias explicações.
 A ideia de transmissão intergeracional da pobreza e das desigualdades constitui um particular domínio que resume a hipótese do risco de pobreza dos indivíduos reproduzir-se de pais para filhos quando se encontra associado ao contexto social, económico e educacional da família de origem.
Vamos então estudar a mobilidade social e escolar intergeracional e relacionar com a taxa de risco de pobreza/transmissão da pobreza.
De acordo com dados tornados públicos em 2004, nos extremos temos uma mobilidade social e escolar descendente/estacionária ou mobilidade social e escolar ascendente, com taxas de risco de pobreza associadas de 14,6% e 12% respectivamente. No meio, é de realçar o peso da mobilidade social, ao invés da mobilidade escolar, ou seja indivíduos com mobilidade escolar ascendente mas com mobilidade social descendente/estacionária têm uma taxa de risco de pobreza mais elevado do que indivíduos com mobilidade social ascendente e moblidade escolar descendente/ estacionária.
Podemos então concluir que para uma transmissão da pobreza é necessário ter em conta vários factores, como a situação familiar do indivíduo, o número de pais que trabalham do agregado familiar, os cargos que estes ocupam e o nível de educação dos pais.
Tendo em conta os estudos, o peso da situação social no risco de pobreza sobrepõe-se à situação escolar, o que evidencia, na minha opinião, a falta de incentivos para continuar a alargar os estudos, uma mobilidade escolar ascendente.

Frederico Pires

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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