A Ryanair é uma companhia aérea de baixo custo irlandesa,
uma das maiores da Europa no setor low
cost. A empresa enquadra-se numa estratégia de baixo preço associada a um
serviço standard de qualidade
reduzida em que os serviços extra são pagos pelo consumidor, visto que a
companhia apenas assegura o transporte aéreo. Atualmente, opera 362 rotas em 22
países e todos os dias milhares de pessoas viajam nesta companhia aérea. Assim,
os cancelamentos dão margem de manobra à companhia para agendar todas as férias dos 4200 pilotos.
Encontrávamo-nos a meio do mês de setembro quando a
transportadora aérea anunciou o cancelamento de 2100 voos (entre Setembro e
Outubro), dos 130 mil voos da Ryanair que iam operar durante esse período,
afetando milhares de passageiros. Os voos foram cancelados “devido a uma falha
no departamento de escalas de serviço”. No final de setembro, a Ryanair já
voltava a anunciar o cancelamento de mais voos entre novembro de 2017 e março
de 2018, e a suspensão de 34 rotas no inverno.
Cerca de 700 mil passageiros serão afetados
(no total) e, apesar de parecer poucos dentro do universo de 131 milhões de
passageiros transportados anualmente pela companhia, trata-se ainda de uma
quantidade significativa de pessoas que veem os seus voos cancelados, o que
pode ter consequências negativas na reputação da empresa low cost,
visto que a Ryanair faz cerca de dois mil voos diários.
A empresa explicou em comunicado que “irá abrandar o seu
ritmo de crescimento” no período de Inverno – entre Novembro e Março de 2018 –
operando com menos 25 aeronaves (das 400 que operam pela companhia), o que
resulta em alterações nos voos. O “crescimento mais lento” permite que haja
aeronaves e pilotos de reserva durante o período em questão, facilitando também
a marcação de férias dos pilotos.
O diretor executivo da companhia
reconheceu na semana passada que os cancelamentos são fruto de um
"fracasso significativo da direção" da transportadora na conciliação
com as férias dos pilotos. Mesmo que os voos afetem uma pequena percentagem do
total de passageiros que voa com a companhia low cost, e que
a empresa garanta que o “crescimento mais lento” não afetará os lucros, o
anúncio duplo de cancelamentos difundido pela comunicação social e a má
experiência dos utilizadores com a companhia pode ter efeitos negativos nas
operações da Ryanair.
Tendo em conta que duas das principais vantagens da
transportadora aérea low cost são precisamente os preços
baixos e a pontualidade, o alto quadro da consultora Wolff Olins, Dan Gavshon
Brady, acredita que esta situação pode prejudicar a companhia.
Em
Portugal, a única rota afetada é a que opera entre Faro e Newcastle
(Inglaterra). Esta suspensão de rota tem impacto no turismo português e, consequentemente,
na economia do país, mas nada para grande alarme, segundo a Secretária de
Estado do Turismo. Afirma esta que não há um impacto significativo, até porque
temos muitas companhias aéreas a voar em Portugal, e que o verdadeiro impacto
vai ser na imagem da companhia. Realça também que “A nossa obrigação é garantir
que existem ligações para os destinos que nos interessam com as várias
companhias (…).”
Podemos
assim ficar descansados, pelo menos para já, e aguardar pelos números que irão
surgir relativamente a toda esta situação de modo a perceber futuramente se
esta crise na Ryanair tem impacto na situação económica do país.
Mara Gomes Marques
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário