Pela primeira
vez na história da politica portuguesa, um primeiro-ministro está acusado de
corrupção. O ministério público (MP) investigou durante mais de 4 anos, mandou
prender e agora conclui que José Sócrates praticou 31 crimes, entre eles três
crimes de corrupção enquanto exercia as funções de primeiro-ministro, 16 de
branqueamento de capitais, 9 de falsificação de documentos e 3 de fraude fiscal
qualificada.
Mas será que
as provas são verdadeiras ou estamos perante uma vítima de falsas acusações do
ministério público? Ora, como sugere o título deste texto, a minha opinião é
bem clara: Sócrates é culpado.
Após tanta
notícia divulgada nos jornais, decidi analisar os argumentos que Sócrates
utilizou em sua defesa na entrevista que deu à RTP, e pergunto-me quem
acreditará na posição de injustiçado após tanto argumento que evidencia o
contrário.
José Sócrates
afirma que não foi corrompido durante o exercício das suas funções como primeiro-ministro.
No entanto, o MP afirma que sim e diz ainda que o engenheiro terá recebido
cerca de 30 a 35 milhões de euros ao longo desses anos, e que esse dinheiro
terá ficado titulado em nome do seu amigo Carlos Santos Silva, em contas na Suíça.
Como é de esperar, o arguido nega que tal dinheiro lhe pertença. Ao que parece,
Sócrates é uma vítima que passou dificuldades, contraindo 3 empréstimos na
Caixa Geral de Depósitos. Quem poderá ter uma fortuna se pede dinheiro
emprestado a um banco? Ora, o engenheiro diz ainda que o MP vê estes empréstimos
como um disfarce. Pois eu também vejo.
Ainda
defendendo que o dinheiro não é seu, Sócrates admite que, de facto, pediu
dinheiro emprestado ao amigo, que foi sempre devolvido, sendo que ambos poderão
ter ainda contas a acertar, mas que isso é entre os envolvidos. A pergunta é:
porque é que o empresário Carlos Santos Silva lhe emprestava o dinheiro em mão
e não através de transferência bancária? Não é esse o procedimento que se adota
quando se trata de quantias no valor de 7500€? Pois, ao que parece, é mais
conveniente fazer tudo por fora.
Outra questão
muito engraçada é que não só o titular da conta é um grande amigo de Sócrates,
como também 80% dos ativos dessa conta, em caso de efemeridade de Carlos Santos
Silva, ficariam na posse de adivinhem quem? Pois bem, ficariam na posse de um
primo de Sócrates, um testa-de-ferro dele, também. Eu não acredito em coincidências,
mas neste caso não começa a haver demasiadas?
Posso também
falar em faturas que foram encontradas em casa de Sócrates em nome de Carlos
Santos Silva, gastos muito maiores que o rendimento que declarava, e da sua
vida de luxo em Paris. Posso escrever várias razões que evidenciam o
branqueamento de capitais, mas ocupar-me-ia quase tanto espaço como as 4000 páginas
da sua acusação, e penso que, com os exemplos dados até ao momento, só não vê
quem não quer ver.
No que toca
aos crimes de corrupção, um dos três crimes de que é acusado tem a ver com dinheiro
que Sócrates terá recebido para tomar decisões que beneficiassem os interesses
de Ricardo Salgado e do BES, na PT. O ministério público afirma que, ao longo
dos anos, Ricardo Salgado terá passado cerca de 21 milhões de euros para a
conta do ex-primeiro-ministro. Sócrates diz não ter feito um acordo entre 1 de
março e 18 de abril de 2006, pois só se encontrou com o Dr. Ricardo Salgado
depois de 13 de outubro de 2006, dizendo que pode provar isso com os registos
das entradas na residência oficial do primeiro-ministro. Mas também se fossemos
ver as transferências bancárias, não encontrávamos todo o dinheiro que Carlos
Santos Silva lhe emprestou. Por isso, a menos que o ex-primeiro-ministro, de
março a outubro, tenha estado preso na sua residência oficial, isso não
constitui prova nenhuma para o mesmo.
Mas terá
Sócrates uma explicação para o facto de empresas ligadas ao Banco Espírito
Santo terem passado através de um circuito financeiro milhões de euros do grupo
Espirito Santo para as contas do seu amigo Carlos Santos Silva? O que sabemos é
que Hélder Bataglia confessou ter feito transferências para a conta de Carlos
Santos Silva por ordem do Dr. Ricardo Salgado, sugerindo que Ricardo Salgado
queria fazer chegar esse dinheiro ao arguido José Sócrates.
Ora, sem
duvida que, como politico que é, José Sócrates tem de facto um excelente poder
argumentativo, mas, quando afirma que Helder Bataglia poderá ter feito isso só
para agradar ao ministério público, já revela que não tem muito por onde fugir.
Trata-se apenas de tentar limpar a sua imagem a todo o custo.
O que é certo
é que contra factos não há argumentos, e o que me parece a mim, neste caso, é
que há muitos argumentos, muitas provas e muita pouca credibilidade nas
justificações do ex-primeiro-ministro. Sendo este caso tão extenso, não percebo
como é que o arguido consegue afirmar com toda a certeza que nunca foi corrupto
e que está a ser vítima de uma tese geral do ministério público. Pois bem, a
minha opinião é muito sólida: José Sócrates é culpado. Não tenho dúvidas disso.
Agora, que seja feita justiça, e desta vez com mais rapidez, visto que não é o
forte da justiça em Portugal. Este caso já dura há vários anos, já se torna
frustrante e cansativo para os portugueses.
Mas tenha
calma senhor ex-primeiro-ministro José Sócrates. Se for feita justiça e o
senhor for preso, pode sempre pedir conselhos a Isaltino Morais e, no futuro,
quando for libertado, que espero eu demore muito tempo, quem sabe não se torna
presidente da câmara. Nem tudo está perdido. Afinal, o povo português também
não tem sido muito difícil de manipular. Quem sabe, não consiga continuar a
fazer o que já fez durante muitos anos.
Daniela Ribeiro da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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