quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A importância do Investimento Direto Estrangeiro em Portugal

   Tendo a economia portuguesa, passado por um período de baixo crescimento económico, o IDE representa um papel muito importante para a recuperação da mesma. Para além do crescimento económico associado ao IDE, este promove a competitividade, a integração económica e até mesmo spillovers tecnológicos e de conhecimento. A OCDE define o Investimento Direto Estrangeiro como um “tipo de investimento internacional feito por uma entidade residente num determinado país (investidor direto) com o objetivo de estabelecer um interesse duradouro numa empresa residente num país diferente daquele onde se encontra registado o investidor (empresa de investimento direto)”.
    Em 1991 foi fundada em Portugal, concelho de Palmela, a Autoeuropa, uma empresa do grupo Volkswagen. Dando origem então à maior fábrica de automóveis em Portugal, em que, em seu redor foi criada uma rede de fornecedores da mesma, atraindo assim outras empresas estrangeiras como a Schenellecke, Bentler, SAS Automotive Systems, Vanpro, Action e Wheels, e as portuguesas Palmetal e Inapal Plásticos. Logo só com a vinda da Autoeuropa para Portugal, foram criadas outras tantas empresas fornecedoras e prestadoras de serviços da mesma, e com isto criados outros tantos postos de emprego. A partir daqui podemos retirar desde já, a importância que este IDE teve para Portugal. Apesar de ser difícil de superar o impacto que a Autoeuropa teve e tem em Portugal, é deste tipo de investimento que Portugal precisa para alcançar um maior nível de crescimento económico. Só a Autoeuropa tem um impacto de 1% no PIB e 4% nas exportações nacionais.
   Podemos então dizer que existe uma relação positiva entre o IDE e o crescimento económico, e não só! A presença de multinacionais em Portugal leva também a uma aprendizagem laboral (spillovers), aumento das exportações, incentivo à concorrência, tecnologias mais avançadas, desenvolvimento local nos países acolhimento, entre outros… Logo Portugal deverá não só atrair multinacionais como também preservar as que já se encontram por cá.
   A questão que se coloca no meu ponto de vista é: como atrair IDE? Através de baixo custo e aumento do horário laboral? Ou através de tecnologias mais avançadas, trabalhadores mais competentes, e alta produtividade por trabalhador? Não é uma questão de resposta simples. O que estimula uma empresa a investir num mercado externo, está longe de ser consensual. A literatura, ao longo do tempo, tem identificado uma pluralidade de determinantes para a existência de IDE. Alguns dos determinantes identificados foram: a taxa de câmbio, capital humano, custos de produção, abertura ao exterior, incentivos fiscais, produtividade da economia, dimensão do mercado, nível salarial, estabilidade económica no país de acolhimento, competitividade tecnológica entre outros.
   Em suma, o IDE é fundamental para a economia portuguesa, a abertura da atividade empresarial entre fronteiras, leva a uma maior integração e desenvolvimento económico. A presença de multinacionais pode contribuir para o desenvolvimento local nos países de acolhimento, e tende a ser um importante incentivo à reestruturação das empresas portuguesas. Segundo um inquérito realizado pela EY, em 2016, Portugal conseguiu captar o maior IDE dos últimos 20 anos, conseguindo alcançar um recorde de 59 investimentos. A Alemanha e a Espanha foram os principais investidores, 62% dos investidores destacam um grande otimismo relativamente ao futuro de Portugal, e 32% têm vontade de aumentarem o investimento no nosso país, em 2017. O estudo indica que os fatores mais atrativos para os investidores, que Portugal possui, são: a estabilidade do clima social, o potencial de aumento de produtividade e os custos laborais. Por outro lado, os fatores considerados menos atrativos foram: a tributação às empresas, estabilidade e transparência do ambiente político, jurídico e regulamentar e a flexibilidade da legislação laboral.

Cátia Catarina Eira Martins


https://www.dinheirovivo.pt/economia/portugal-capta-maior-valor-investimento-estrangeiro-dos-ultimos-20-anos/

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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