Tendo a economia
portuguesa, passado por um período de baixo crescimento económico, o IDE
representa um papel muito importante para a recuperação da mesma. Para além do
crescimento económico associado ao IDE, este promove a competitividade, a
integração económica e até mesmo spillovers
tecnológicos e de conhecimento. A OCDE
define o Investimento Direto Estrangeiro como um “tipo de investimento
internacional feito por uma entidade residente num determinado país (investidor
direto) com o objetivo de estabelecer um interesse duradouro numa empresa
residente num país diferente daquele onde se encontra registado o investidor (empresa
de investimento direto)”.
Cátia
Catarina Eira Martins
Em 1991 foi fundada em Portugal, concelho
de Palmela, a Autoeuropa, uma empresa do grupo Volkswagen. Dando origem então à maior fábrica de automóveis em
Portugal, em que, em seu redor foi criada uma rede de fornecedores da mesma,
atraindo assim outras empresas estrangeiras como a Schenellecke,
Bentler, SAS Automotive Systems, Vanpro, Action e Wheels, e as portuguesas Palmetal e Inapal Plásticos. Logo só com a vinda da Autoeuropa para Portugal,
foram criadas outras tantas empresas fornecedoras e prestadoras de serviços da
mesma, e com isto criados outros tantos postos de emprego. A partir daqui
podemos retirar desde já, a importância que este IDE teve para Portugal. Apesar
de ser difícil de superar o impacto que a Autoeuropa teve e tem em Portugal, é
deste tipo de investimento que Portugal precisa para alcançar um maior nível de
crescimento económico. Só a Autoeuropa tem um impacto de 1% no PIB e 4% nas
exportações nacionais.
Podemos então dizer que existe uma relação positiva entre o IDE e o
crescimento económico, e não só! A presença de multinacionais em Portugal leva
também a uma aprendizagem laboral (spillovers),
aumento das exportações, incentivo à concorrência, tecnologias mais avançadas,
desenvolvimento local nos países acolhimento, entre outros… Logo Portugal
deverá não só atrair multinacionais como também preservar as que já se
encontram por cá.
A
questão que se coloca no meu ponto de vista é: como atrair IDE? Através de
baixo custo e aumento do horário laboral? Ou através de tecnologias mais
avançadas, trabalhadores mais competentes, e alta produtividade por
trabalhador? Não é uma questão de resposta simples. O
que estimula uma empresa a investir num mercado externo, está longe de ser
consensual. A literatura, ao longo do tempo, tem identificado uma pluralidade
de determinantes para a existência de IDE. Alguns dos determinantes
identificados foram: a taxa de câmbio, capital humano, custos de produção,
abertura ao exterior, incentivos fiscais, produtividade da economia, dimensão do mercado, nível salarial,
estabilidade económica no país de acolhimento, competitividade tecnológica
entre outros.
Em suma, o IDE é fundamental para a economia
portuguesa, a abertura da atividade empresarial entre fronteiras, leva a uma
maior integração e desenvolvimento económico. A presença de multinacionais pode
contribuir para o desenvolvimento local nos países de acolhimento, e tende a
ser um importante incentivo à reestruturação das empresas portuguesas. Segundo
um inquérito realizado pela EY, em 2016, Portugal conseguiu captar o maior IDE
dos últimos 20 anos, conseguindo alcançar um recorde de 59 investimentos. A
Alemanha e a Espanha foram os principais investidores, 62% dos investidores
destacam um grande otimismo relativamente ao futuro de Portugal, e 32% têm
vontade de aumentarem o investimento no nosso país, em 2017. O estudo indica que
os fatores mais atrativos para os investidores, que Portugal possui, são: a estabilidade do clima social, o potencial de aumento
de produtividade e os custos laborais. Por outro lado, os fatores considerados
menos atrativos foram: a tributação às empresas, estabilidade e transparência
do ambiente político, jurídico e regulamentar e a flexibilidade da legislação
laboral.
http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/autoeuropa-maior-investimento-estrangeiro-portugal-98274
https://www.dinheirovivo.pt/economia/portugal-capta-maior-valor-investimento-estrangeiro-dos-ultimos-20-anos/
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário