segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Catalonexit: Eventuais Consequências Económicas

Mais do que nunca, uma onda de separatismo atravessa o mundo ocidental, e desta vez são os nuestros hermanos os protagonistas. Uma eventual separação entre Espanha e a Catalunha poderá vir a inspirar outras regiões, como o País Basco, a seguir o mesmo caminho. A instabilidade política que poderá decorrer destes eventos é significativa e a economia espanhola poderá vir a ser o principal prejudicado.
De acordo com Alain Cuenca, professor de Economia na Universidade de Saragoça, “o estabelecimento de uma fronteira resultaria na perda de empregos, vencimentos e riqueza para todos, quer na Catalunha quer no resto de Espanha”. “Essas perdas seriam provocadas pelos obstáculos ao comércio, pelos problemas financeiros, e pelas necessidades de gastos do novo estado”.
Apesar dos Catalães serem apenas 16% da população espanhola, eles carregam cerca de 20% de peso no PIB espanhol (à volta de 223,6 mil milhões de euros). Mas para além disso, precisamos de ter em conta que o destino de 35,5% das exportações catalãs são o mercado espanhol e 65% o mercado europeu.
“Em termos de comércio, se a Catalunha permanecesse na União Europeia, nada mudaria”, afirma Albert Banal-Estañol, professor de Economia na Universidade Pompeu Fabra, mas essa hipótese parece-me mais uma fantasia. Seria bom demais continuar a ter acesso ao mercado livre. Claro que a utopia catalã independentista passaria pela continuidade na União Europeia, mas visto que a Catalunha não tem direito automático para escolher ser membro desta, ela precisaria do voto unânime dos membros desta União, incluindo a Espanha, para poder entrar, o que não me parece que acontecerá… E como se não bastasse, a Espanha pode ainda impor taxas à importação de bens e serviços da Catalunha, como retaliação.
Perante esta situação, estarão os catalões realmente dispostos a pagar qualquer preço pela sua independência? Penso que seria sensato que, todos os que, porventura, votarem num legítimo referendo, refletissem bem sobre as consequências de uma eventual separação.
A independência é uma questão polarizante e as emoções podem interferir com o nosso raciocínio. Aquela felicidade pontual seguida da separação irá conservar-se por quanto tempo? Uma semana, talvez? A verdade é que, de um ponto de visto panorâmico, os contras arrasam os prós, e a Espanha seria mais forte em todos os aspetos se continuasse unida.
Se o pior acontecer, estou seguro que o bem-estar social de ambos irá diminuir, tanto nesta geração como nas próximas, que nem tiverem oportunidade de se pronunciar sobre esta situação.

Rui Azevedo

Referências Bibliográficas
·         http://www.independent.co.uk/voices/catalonia-catalan-referendum-spain-eu-economic-powerhouse-brexit-european-union-a7975766.html

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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