Mais
do que nunca, uma onda de separatismo atravessa o mundo ocidental, e desta vez
são os nuestros hermanos os
protagonistas. Uma eventual separação entre Espanha e a Catalunha poderá vir a
inspirar outras regiões, como o País Basco, a seguir o mesmo caminho. A
instabilidade política que poderá decorrer destes eventos é significativa e a
economia espanhola poderá vir a ser o principal prejudicado.
De
acordo com Alain Cuenca, professor de Economia na Universidade de Saragoça, “o
estabelecimento de uma fronteira resultaria na perda de empregos, vencimentos e
riqueza para todos, quer na Catalunha quer no resto de Espanha”. “Essas perdas
seriam provocadas pelos obstáculos ao comércio, pelos problemas financeiros, e
pelas necessidades de gastos do novo estado”.
Apesar
dos Catalães serem apenas 16% da população espanhola, eles carregam cerca de
20% de peso no PIB espanhol (à volta de 223,6 mil milhões de euros). Mas para
além disso, precisamos de ter em conta que o destino de 35,5% das exportações
catalãs são o mercado espanhol e 65% o mercado europeu.
“Em
termos de comércio, se a Catalunha permanecesse na União Europeia, nada mudaria”,
afirma Albert Banal-Estañol, professor de Economia na Universidade Pompeu
Fabra, mas essa hipótese parece-me mais uma fantasia. Seria bom demais
continuar a ter acesso ao mercado livre. Claro que a utopia catalã
independentista passaria pela continuidade na União Europeia, mas visto que a
Catalunha não tem direito automático para escolher ser membro desta, ela precisaria
do voto unânime dos membros desta União, incluindo a Espanha, para poder
entrar, o que não me parece que acontecerá… E como se não bastasse, a Espanha
pode ainda impor taxas à importação de bens e serviços da Catalunha, como
retaliação.
Perante
esta situação, estarão os catalões realmente dispostos a pagar qualquer preço
pela sua independência? Penso que seria sensato que, todos os que, porventura,
votarem num legítimo referendo, refletissem bem sobre as consequências de uma
eventual separação.
A
independência é uma questão polarizante e as emoções podem interferir com o
nosso raciocínio. Aquela felicidade pontual seguida da separação irá
conservar-se por quanto tempo? Uma semana, talvez? A verdade é que, de um ponto
de visto panorâmico, os contras arrasam os prós, e a Espanha seria mais forte
em todos os aspetos se continuasse unida.
Se
o pior acontecer, estou seguro que o bem-estar social de ambos irá diminuir,
tanto nesta geração como nas próximas, que nem tiverem oportunidade de se
pronunciar sobre esta situação.
Rui
Azevedo
Referências Bibliográficas
·
http://observador.pt/2017/10/05/comissario-moscovici-catalunha-independente-nao-sera-membro-da-ue/
·
http://www.independent.co.uk/voices/catalonia-catalan-referendum-spain-eu-economic-powerhouse-brexit-european-union-a7975766.html
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário