A Catalunha está nas
bocas do mundo e o clima de tensão está longe de cessar. No passado dia 1 de
outubro, Catalunha votou a favor da independência, enfrentando o governo
espanhol, que declarou o referendo ilegal. Enquanto a incerteza predomina nas
casas dos catalães, há quem “já faça as contas ao que pode representar a perda
desta fatia do Estado espanhol”.
É fácil perceber porque é
que a independência da região pode sair cara ao Estado espanhol. Ocupando
apenas 16% do território espanhol, Catalunha é das regiões mais ricas de
Espanha, produzindo um quinto do PIB nacional, acolhendo metade das startups e do novo investimento que
anualmente desponta no território espanhol e exportando um quarto dos bens e
serviços produzidos no país, sendo que metade destas exportações são realizadas
por grandes empresas. Estas, na sua maior parte multinacionais, perante a eventual
independência de Catalunha, admitem mudar-se para outra região ou mesmo mudar
de país.
Um estudo sobre os
efeitos de uma eventual separação mostra que todo o comércio seria afetado e
seria necessário uma nova organização das redes de distribuição de mercadorias.
O mesmo estudo mostra que o divórcio implicaria uma diminuição de 2 a 2,5% no
PIB espanhol e 10% no PIB da Catalunha. É importante ainda ter em atenção que
nos primeiros momentos da independência, a Catalunha estaria fora da União
Europeia, o que significaria novas taxas alfandegárias e uma subida dos preços
dos produtos feitos na Catalunha, abalando assim o equilíbrio do mercado e do
nível de salários. Por outro lado, a Espanha, sem a sua segunda maior
contribuição positiva, poderia ser obrigada a aumentar impostos e a reduzir
ainda mais a despesa para evitar um aumento do défice orçamental e da dívida
pública.
Se então o divórcio fica
caro tanto à Catalunha como a Espanha, de onde vem este sentimento
independentista dos catalães? A Catalunha é uma região autónoma, com a sua
própria língua e os seus próprios costumes e tradições e a independência seria
no sentido de proteger esta cultura. No entanto, acredito também que muitos
catalães sentem-se motivados para uma separação porque acreditam que, sendo
Catalunha das regiões mais ricas e com o segundo maior contributo positivo para
o Estado espanhol, “estão a pagar mais do que recebem”.
Bruna
Filipa Matos Azevedo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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