Passados
15 dias do mês de setembro, numa sexta-feira, os Portugueses acordam com a extraordinária
notícia de que a agência Standard and
Poor’s (S&P) acabava de aumentar o rating
da dívida portuguesa. Muitos foram os que acharam esta notícia surpreendente,
mas a verdade é que aconteceu, e a agência dá certezas da sua decisão, justificando-se
que “o pior já é passado e de que Portugal
continua a trilhar um caminho de sucesso perante o problema da dívida”. Esta
notícia veio a confirmar, que os resultados divulgados pelo Governo e outras
instituições não são as aclamadas “manipulações estatísticas”, mas verdadeiras
e positivas respostas da economia portuguesa.
Esta decisão voltou a colocar Portugal no radar, o que não só
abre as portas a novos investidores internacionais, que outrora não podiam
adquirir dívida de Portugal para as suas carteiras, como também gerou uma maior
confiança no mercado e, em consequência, tem sido visível uma constante redução
da taxa de juro da dívida portuguesa. Estas melhorias refletem o enorme esforço
que os portugueses têm feito ao longo destes tempos árduos de austeridade. E,
finalmente, é possível ver um pico de esperança nos olhos da nossa população.
Embora seja visível os resultados positivos, penso que não
devemos dar como garantida a resolução do nosso problema, e voltar a uma vida
de “ostentação”. Ainda temos uma dívida com um valor bastante significativo e,
apesar dos nossos esforços, estamos sempre dependentes do exterior. A economia
alemã está com um crescimento cada vez mais lento, temos problemas na sociedade
do nosso país vizinho, o preço do petróleo não para de aumentar, centenas de
refugiados aportam desamparados na costa europeia todos os dias, temos um
presidente inconstante nas rédeas da maior potência mundial, e uma série de
conflitos que vitimizam milhares de pessoas e a qualquer momento podem
desencadear um evento de maior escala desagradável para todos. Qualquer um destes problemas pode alterar as
posições do mercado e um consequente aumento da nossa taxa de juro, que, face à
proporção de dívida que temos, pode nos colocar de novo na estaca zero.
O meu conselho a este governo e aos próximos é cautela, e que
não arrisquem que o esforço que os portugueses fizeram nos últimos anos vá por
água abaixo, pondo em risco o futuro das próximas gerações. Penso que a minha
posição seja comum a toda a gente, no que toca a querer resolver este problema
o mais rápido possível, para dar aos próximos aquilo que merecem.
No próximo dia 3 de novembro, a agência canadiana DBRS vai
rever a notação de Portugal. Os analistas ainda se encontram muito divididos no
que toca à posição que a agência irá tomar. Esta decisão não terá o peso que
teve a decisão da Standard and Poor’s,
dado que não se trata de uma das três grandes agências de rating, mas acaba sempre por causar alterações. Entre melhorar ou
manter a posição de Portugal, penso que a agência canadiana irá melhorar a
perspetiva sobre o nosso país, tendo em conta que os valores quantitativos
melhoraram desde a última avaliação de rating
da mesma no passado mês de abril e o feedback
da agência, relativamente a Portugal, tem sido bastante positivo.
Esta decisão, caso reverta a favor de Portugal, poderá ser
mais um critério positivo a ter em conta pelas principais agências que irão
fazer a sua revisão de notação de Portugal no final do ano, começando pela
agência Fitch, a 15 de dezembro. Estamos numa onda de positivismo relativamente
a Portugal, e os nossos representantes devem manter a postura que têm tido nos
passados anos, de forma a que o mercado recupere a confiança em nós e os
investidores vejam em Portugal um local para investir. Só assim teremos
crescimento económico visível, e só assim abriremos portas ao desenvolvimento e
à prosperidade.
Francisco
Azevedo
Referências:
- https://www.publico.pt/2017/09/15/economia/noticia/standard--poors-surpreende-e-retira-portugal-do-lixo-1785621
-
https://pt.investing.com/rates-bonds/portugal-10-year-bond-yield
-
http://observador.pt/2017/09/18/analistas-afirmam-que-subida-do-rating-devera-por-portugal-no-radar-dos-investidores/
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https://eco.pt/2017/10/20/melhoria-de-outlook-divida-apresenta-evolucao-favoravel-diz-dbrs/
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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