domingo, 1 de outubro de 2017

Inflação: caminhando para a estabilidade de preços

         Uma estimativa do Eurostat divulgada esta sexta-feira, 29, informa que a taxa de inflação anual na zona Euro se manteve estável nos 1,5% em setembro, mantendo-se a mesma evolução dos preços registada em agosto.
         Em Portugal, observou-se uma tendência de aceleração da taxa de inflação no mês de agosto, com uma variação de 0,2 pontos percentuais, o que se traduz num aumento de 1,1% para 1,3%. Estes valores mantêm-se, contudo, abaixo dos observados na zona Euro, como um todo, mas aproximam-se agora um pouco mais desse valor. No entanto, em relação a agosto de 2016, registou-se uma aceleração da taxa de inflação, que se encontrava nos 0,8%.
         Mas o que é, então, a inflação? A inflação não é mais do que uma unidade de medida do nível de preços de bens e serviços consumidos por uma família normal. Fala-se, portanto, em inflação quando há um aumento geral dos preços de bens e serviços e não apenas de um bem ou serviço específico. Desta forma, bens diferentes terão um peso diferente ao nível da influência no nível geral de preços, ou seja, cada componente da inflação terá um peso diferente na sua determinação. Geralmente, a “unidade de medida” utilizada para comparações relativamente à inflação é o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC ou HIPC), que permite confrontar os preços do mesmo cabaz de bens em diferentes períodos.
          Segundo as estimativas do Gabinete de Estatísticas da União Europeia, Eurostat, os preços da energia sofreram o maior aumento anual em setembro, verificando-se uma subida de 3,9% (face aos 4,0% no mês de agosto). Seguem-se os preços da alimentação, álcool e tabaco, cujo aumento foi de 1,9%, acima dos 1,4% em agosto. A inflação anual no setor dos serviços foi de 1,5% (1,6% em agosto), enquanto os preços dos bens industriais se mantiveram estáveis face ao mês de agosto, nos 0,5%.
         Contudo, a inflação subjacente (exclui os preços dos bens energéticos e alimentares), que é de maior importância para o Banco Central Europeu, situou-se nos 1,3%, valor que se mantém abaixo da meta estabelecida pelo BCE, isto é, uma inflação próxima, mas abaixo, de 2%.
         Assim, julgo que a economia europeia tem vindo a fazer progressos face à crise que teve início em 2008, com a inflação a registar alguma aceleração, tendo atingido, de acordo com as previsões inicialmente referidas, o nível mais elevado desde abril. Contudo, apesar da taxa de inflação estar a deslocar-se para a meta que garante a estabilidade dos preços e uma economia saudável (inflação próxima mas abaixo de 2%), os estudos e análises efetuados mostram que ainda há um caminho a percorrer.
        Para o ano de 2017, a inflação esperada não será superior a 1,4%. Registar-se-á, possivelmente, uma ligeira aceleração em 2019, que não deverá ser superior a 1,5% e, de acordo com analistas do FMI, uma inflação de cerca de 1,9%, relativamente próxima da meta, será alcançada apenas no ano 2021.

Liliana Gestosa

Referências: 
http://expresso.sapo.pt/economia/2017-09-29-Pressoes-sobre-o-BCE-sao-prejudiciais-avisa-o-FMI

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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