quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Consequências de uma Catalunha independente

A ligação da Catalunha com Espanha nunca foi muito simples e várias vezes esta região tentou a independência, mas sempre sem sucesso. A história volta a repetir-se devido ao aumento dos impostos a à presença de militares castelhanos na Catalunha, entre outros motivos.
A Catalunha ocupa apenas 6% do território espanhol, tendo somente 7,5 milhões de habitantes. Apesar de apresentar 16% da população total, a Catalunha produz 19% do PIB espanhol e exporta 26% dos bens e serviços produzidos no país, metade dos quais são executados por grandes empresas que, perante um cenário de independência, poderão transferir-se para outra região ou mudar de pais. Deste modo, e de acordo com as estatísticas do Eurostat, a Catalunha apresenta uma riqueza superior à maioria das regiões espanholas, sendo apenas superada pela Comunidade de Madrid, pelo País Basco e pela Comunidade Foral de Navarra.
Independentemente disso, importa lembrar que vivemos num mundo com bastante interdependência e, por isso mesmo, a riqueza da Catalunha depende do acesso ao mercado espanhol, assim como aos mercados da União Europeia e do resto do mundo. Desta forma, podemos considerar que a independência pode causar consequências bastante negativas, quer na economia, quer no emprego. É de considerar que adviriam também consequências negativas para a Espanha devido principalmente à diminuição do PIB (aproximadamente 20%) e também que, com a independência da Catalunha, haverá uma queda na distribuição de moeda e, por isso mesmo, o Estado Espanhol poderá ter que aumentar os impostos e minorar ainda mais a despesa, de modo a evitar um possível aumento no défice orçamental e da dívida pública (que, neste momento, se aproxima dos 100% do PIB).
Em termos económicos, o tamanho importa muito e, desse modo, numa situação de independência, o PIB e o emprego da Catalunha seriam mais afetados do que no resto da Espanha. O comércio também sairia afetado numa situação de independência pois é necessária uma reorganização das redes de distribuição de mercadorias. Para além disso, com a Catalunha fora da União Europeia, e consequentemente do euro, vão surgir novos impostos e taxas alfandegárias, encarecendo os produtos produzidos na Catalunha. 
O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos Jurado, acredita que a possibilidade de um referendo teve poucas consequências na economia da Catalunha, pois o Governo central tomou certas medidas que fortaleceram as exportações. Segundo o “Expansión”, 80% das exportações catalãs dependem da União Europeia.

Ana Rita Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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