A ligação da Catalunha
com Espanha nunca foi muito simples e várias vezes esta região tentou a
independência, mas sempre sem sucesso. A história volta a repetir-se devido ao
aumento dos impostos a à presença de militares castelhanos na Catalunha, entre
outros motivos.
A Catalunha ocupa apenas 6% do território espanhol, tendo somente 7,5
milhões de habitantes. Apesar de apresentar 16% da população total, a Catalunha
produz 19% do PIB espanhol e exporta 26% dos bens e serviços produzidos no
país, metade dos quais são executados por grandes empresas que, perante um
cenário de independência, poderão transferir-se para outra região ou mudar de
pais. Deste modo, e de acordo com as estatísticas do Eurostat, a Catalunha
apresenta uma riqueza superior à maioria das regiões espanholas, sendo apenas
superada pela Comunidade de Madrid, pelo País Basco e pela Comunidade Foral de
Navarra.
Independentemente disso, importa lembrar que vivemos num mundo com bastante
interdependência e, por isso mesmo, a riqueza da Catalunha depende do acesso ao
mercado espanhol, assim como aos mercados da União Europeia e do resto do
mundo. Desta forma, podemos considerar que a independência pode causar
consequências bastante negativas, quer na economia, quer no emprego. É de
considerar que adviriam também consequências negativas para a Espanha devido
principalmente à diminuição do PIB (aproximadamente 20%) e também que, com a
independência da Catalunha, haverá uma queda na distribuição de moeda e, por
isso mesmo, o Estado Espanhol poderá ter que aumentar os impostos e minorar
ainda mais a despesa, de modo a evitar um possível aumento no défice orçamental
e da dívida pública (que, neste momento, se aproxima dos 100% do PIB).
Em termos económicos, o tamanho importa muito e, desse modo, numa situação
de independência, o PIB e o emprego da Catalunha seriam mais afetados do que no
resto da Espanha. O comércio também sairia afetado numa situação de
independência pois é necessária uma reorganização das redes de distribuição de
mercadorias. Para além disso, com a Catalunha fora da União Europeia, e
consequentemente do euro, vão surgir novos impostos e taxas alfandegárias,
encarecendo os produtos produzidos na Catalunha.
O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos Jurado, acredita que a
possibilidade de um referendo teve poucas consequências na economia da
Catalunha, pois o Governo central tomou certas medidas que fortaleceram as
exportações. Segundo o “Expansión”, 80% das exportações catalãs dependem da
União Europeia.
Ana Rita Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º
ciclo) da EEG/UMinho]
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