Como é sabido por todos
nós, a população portuguesa e, de um modo mais geral, a população Europeia, têm
vindo a envelhecer cada vez mais rapidamente. O aumento do envelhecimento está
associado a uma diminuição da taxa de mortalidade, isto é, a um aumento da
Esperança Média de Vida (EMV), e também a uma diminuição da taxa de natalidade.
A
EMV tem vindo a aumentar devido aos avanços científicos e tecnológicos que
fizeram, entre outras coisas, com que o SNS melhorasse e, consequentemente, que
a condição de vida das populações também ficasse melhor. Relativamente à
diminuição da taxa de natalidade, numa visão um pouco mais pessoal, a
emancipação da mulher, o facto de as mulheres quererem estudar, progredir nas
carreiras e terem uma maior concretização a nível profissional, fez com que
“ter filhos” fosse algo que pusessem um pouco em segundo plano. Na França, Itália e Alemanha, o número
médio de crianças por mulher é de 1,5, enquanto que a EMV é de 80 anos.
Um
dos fatores que tem contribuído para o envelhecimento da população é também a
saída de jovens para o estrangeiro (emigração), uma medida proposta por um
político português para combater as elevadas taxas de desemprego. No entanto,
isto é realmente uma solução ou um problema? Os jovens, com a sua saída, fazem
com que a população ativa diminua, o que faz com que as contribuições para a
Segurança Social também diminuam.
O Sistema de Segurança Social é um
sistema de repartição, onde é a população ativa que paga as pensões e reformas
da população envelhecida. O problema é que cada vez mais a população com idade
de reforma é maior e a população ativa é menor. Isto significa que há mais
pessoas a usufruir de pensões da Segurança Social do que pessoas a pagar
impostos para a mesma, o que torna o sistema pouco sustentável.
De
acordo com os especialistas que elaboraram o estudo “Ideias para Portugal”, as
medidas que têm sido adotadas até têm sido insuficientes, propondo estes como
solução o aumento da idade de reforma, a redução do valor médio das pensões, o
incremento das contribuições e/ou outras formas de financiamento e, ainda, o
alargamento da base contributiva, quer seja pelo aumento da produtividade e
crescimento económico, quer seja pelo aumento da natalidade.
A nível Europeu, constata-se que a forte
aposta dos governos tem sido o aumento da natalidade, dado que em muitos países
estes fornecem subsídios às famílias para que estas tenham mais filhos. Há
ainda quem defenda que para se conseguir sustentar este sistema é necessário
estimular a vinda de jovens para o país, criar condições para que os jovens se
interessem pelo país, consigam um emprego aí, passem a integrar a população
ativa e contribuam para a Segurança Social desse país (ao contrário da ideia
defendida por Passos Coelho, mencionada anteriormente).
No meu ponto de vista, poderia dizer
que a passagem da Segurança Social para um sistema de capitalização, onde as
pessoas passariam a pagar a sua própria reforma e onde aquilo que contribuem
seria guardado para o seu futuro, poderia ser uma boa solução. No entanto, isto
seria algo que levaria anos a ser implementado e que teria imensos prejuízos
iniciais. O que aconteceria às pessoas que estão atualmente a receber as
reformas? Elas pagaram as contribuições e estas foram canalizadas para as pensões
dos outros e agora com esta mudança como pagariam as suas reformas? Assim,
analisando bem esta opção, constatamos que não é de todo a mais apropriada,
pelo menos não deverá ser utilizada como primeira opção.
Segundo as Nações Unidas, Portugal será em 2050 o quarto país mais
envelhecido do mundo, com cerca de 40% da população acima dos 60
anos. A ONU estima que dentro de meio século haverá mais idosos do que jovens
não só em Portugal como em todo o mundo. Assim, para mim, em Portugal dever-se-ia
dar mais incentivos aos casais para ter filhos, como, por exemplo, ter a
possibilidade de se reformarem alguns anos antes do ano estipulado para a
reforma aos pais com pelo menos 3 filhos, passar o ano de reforma para 67 anos
(uma medida que certamente muitos ficariam descontentes) e poderíamos apostar,
como referi anteriormente, na imigração.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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