O
desemprego jovem é, atualmente, um dos principais problemas na Europa no que ao
mercado de trabalho diz respeito. Encontrar soluções para este problema social,
económico e político é, obviamente, um dos grandes desafios para os próximos
tempos.
Se
nos centrarmos em Portugal, este problema assume proporções preocupantes, embora
ultimamente tenha vindo a ser lentamente minorado. Observando dados
relativamente recentes, no último trimeste de 2016 a taxa de desemprego em
Portugal era de 10,5%. Destes 10,5%, 28% eram jovens com idades compreendidas
entre os 15 e os 24 anos. Neste capítulo, os 3 países em pior situação a nível
europeu são a Grécia (45,2%), a Espanha (41,5%) e ainda a Itália (35,2%). Ainda
assim estes números colocam-nos entre os piores da Europa neste capítulo.
As
principais causas apontadas para este grave problema são a crise económica e
financeira que Portugal tem atravessado nos últimos anos, o progresso
tecnológico e a existência de países produtores de bens a baixo custo, por
exemplo a China e a Índia. Se conhecermos a lei de Okun, sabemos que a
diminuição da taxa de crescimento do PIB leva a um aumento do desemprego. Isto
explica o grande crescimento do desemprego em Portugal durante os anos em que o
país registou crescimentos negativos do PIB. O progresso tecnológico é outro
fator que tem contribuído para o aumento do desemprego, pois, com a evolução da
tecnologia, a mão-de-obra humana deixou de ser necessária para muitas tarefas.
O
facto de aparecerem países com vantagens competitivas em relação a Portugal
também contribuiu pois como passou a haver mão-de-obra mais barata, assistimos
à deslocalização de unidades industriais para mercados bastante mais
competitivos. Este flagelo em Portugal pode também ser explicado pela grande
discrepância entre as competências que os jovens adquirem no ensino português e
as competências que lhes são exigidas aquando da entrada no mercado de
trabalho.
Uma
das terríveis consequências deste cenário desanimador foi um fenómeno
denominado “fuga de cérebros”, que consiste na emigração de pessoas altamente
qualificadas. Isto faz com que Portugal perca competitividade pois investe na
formação e na educação destas pessoas e mais tarde estas contribuem para o
desenvolvimento de economias estrangeiras. Segundo dados da Comissão Europeia,
Portugal está também mal neste capítulo: entre 2011 e 2014, 63,1% de cidadãos
que possuíam o diploma universitário estavam registados como residentes noutros
países. No entanto, este problema já tem bem mais de uma década pois se
centrarmos a nossa atenção entre 2001 e 2011 houve um aumento de 87,5% na
percentagem de portugueses com diploma universitário a abandonarem o país.
Apesar
de todo este cenário bastante negativo, o desemprego jovem e o desemprego em
geral têm vindo lentamente a diminuir. Segundo dados recolhidos do PORDATA, o
desemprego jovem em 2016 era de 28%, o que apesar de ainda ser assustador está
já algo longe dos 35% que se chegaram a verificar nos anos de maior crise. Esta
recuperação está também diretamente relacionada com a recente e ligeira
recuperação portuguesa no que ao setor da economia e das finanças diz respeito.
As
principais soluções apontadas pelos especialistas para continuar a resolver
este problema são apostar no empreendedorismo, no crescimento do setor do
turismo e, ainda, a inscrição no programa Garantia Jovem. No entanto, quanto ao
empreendedorismo, “nem tudo são rosas”, pois exige riscos: no caso do negócio
correr mal poucos estão dispostos a ver o montante do investimento
transformar-se numa dívida. Quanto ao turismo é o setor que neste momento mais
impulsiona a economia portuguesa e o facto de Portugal “estar na moda” no que
ao turismo diz respeito é uma das esperanças para continuar a diminuir a taxa
de desemprego. O desemprego jovem é favoravelmente afetado por esta tendência
pois os jovens são geralmente mais requisitados para trabalhar em setores
turísticos.
O
programa Garantia Jovem trata-se de uma medida para reduzir o desemprego jovem
ao apoiar financeiramente os empregadores que celebrem contratos com jovens
entre os 18 e os 29 anos com a duração mínima de 6 meses, com ou sem termo
certo.
Renato Ruas Fontainhas Lopes
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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