quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A importância do Turismo na Economia Portuguesa

O turismo representa cerca de 9% do PIB português, o que o torna um setor de extrema importância para a economia do país. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, este representa 20% das exportações portuguesas e 58% das exportações na área dos serviços.
Em contrapartida, apenas cerca de 40% dos portugueses vão de férias para o estrangeiro, o que contribui para um saldo positivo na balança de viagens e turismo, a qual retrata que as receitas dos turistas que chegam a Portugal comparativamente com os portugueses que saem fazem com que o nosso país seja um dos que mais fica a ganhar.
Segundo dados do PORDATA, em 2017, as receitas com os turistas foram de 15,2 mil milhões de euros, o que representou uma subida de, aproximadamente, 20% em relação ao ano anterior e, em oposição, os portugueses gastaram 4,3 mil milhões de euros, o que perfaz um balanço positivo próximo dos 11 mil milhões de euros. Se estendermos o período em análise e compararmos o ano de 2000 com o ano de 2017, vemos que, em 17 anos, as receitas provenientes do turismo aumentaram quase 10 mil milhões de euros. Tal permitiu que a economia portuguesa recuperasse e contribuiu, de forma significativa, para a criação de emprego, uma vez que o número de alojamentos turísticos aumentou consideravelmente; no ano 2000, o país contava com 2684 estabelecimentos (no conjunto de hotéis, parques de campismo, pousadas da juventude e turismo de habitação) e, em 2017, o valor subiu para 7544.
A meu ver, Portugal tornou-se num destino turístico com grande destaque porque sempre primou pelas excelentes praias, pela simpatia e pela beleza dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, os quais totalizam cerca de 14% dos proveitos totais dos estabelecimentos hoteleiros. Para além disso, dispomos hoje de um território com recursos turísticos e infra-estruturas de suporte mais qualificadas, com novas e renovadas formas de alojamento, de um aumento da oferta de atividades de animação turística e de ligações aéreas, de um merecido reconhecimento a nível internacional nas diversas áreas do turismo e de uma maior visibilidade graças a conquistas como a vitória da Eurovisão e do campeonato europeu de futebol.
No entanto, agora, em 2018, a propensão está a mudar, uma vez que, apesar do ritmo de crescimento acelerado alcançado nos meses de época baixa, na época alta o setor está a dar sinais de desaceleração. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, durante o primeiro trimestre, o número de hóspedes e de dormidas em época baixa cresceu, em ambos os casos, a uma média de 7% em termos homólogos, o que ajuda a combater os efeitos da sazonalidade e pode também contribuir para o aumento da contratação de trabalho, uma vez que as pessoas passam a ser contratadas para o ano todo. Em contrapartida, em época alta, o número de hóspedes diminuiu 0,2% em Junho e 2,1% em Julho e o número de dormidas caiu 3,% e 2,7%, respetivamente.
Outra meta que foi alcançada foi a da diversificação dos destinos, isto porque enquanto o turismo aumentou nos destinos com menor procura, nos destinos mais procurados o turismo abrandou. Como prova, vemos que o Alentejo era das regiões com menor peso no setor e, este ano, está a ser a zona que está a crescer mais, contando, durante os 7 primeiros meses do ano, com um aumento do número de hóspedes em 6% e nas dormidas em 5%; o mesmo aconteceu com a zona norte, que, durante este período, teve um aumento, em ambos os casos, de 5%. Em oposição, a zona de Lisboa apresentou um abrandamento considerável, aumentando apenas 2% o número de hóspedes e dormidas, e ainda numa pior situação, aparece o Algarve, que registou uma quebra, com o número de hóspedes a diminuir 0,3% e as dormidas a reduzirem-se em 2%.
Ainda assim, as receitas turísticas continuam a aumentar a dois dígitos, o que significa que os operadores do setor estão a conseguir praticar preços cada vez mais elevados, levando a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a dizer que esta situação não é preocupante, uma vez que Portugal já não tem margem para crescer no Verão e que, portanto, o objetivo é precisamente crescer na época baixa, tal como está a acontecer. Na minha opinião, tal deve-se, entre outras razões, às mudanças climáticas, que fazem com que os turistas já não sintam necessidade de vir para Portugal apenas na época alta, à subida do custo de vida em Lisboa e no Algarve, fazendo com que decidam explorar outras cidades, às apostas em retiros e resorts fora dos grandes centros como forma de dinamizar o meio rural e à criação de festivais e espetáculos em zonas não tão conhecidas.

Ana Carolina Gonçalves Viana de Sá

Bibliografia:
PORDATA
Economia Online
Instituto Nacional de Estatística
TSF- Rádio Notícias

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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