O turismo representa cerca de 9% do PIB
português, o que o torna um setor de extrema importância para a economia do
país. De acordo com a
Organização Mundial do Turismo, este representa 20% das exportações portuguesas
e 58% das exportações na área dos serviços.
Em contrapartida, apenas cerca de 40% dos
portugueses vão de férias para o estrangeiro, o que contribui para um saldo
positivo na balança de viagens e turismo, a qual retrata que as receitas dos
turistas que chegam a Portugal comparativamente com os portugueses que saem fazem
com que o nosso país seja um dos que mais fica a ganhar.
Segundo dados do PORDATA, em 2017, as receitas
com os turistas foram de 15,2 mil milhões de euros, o que representou uma
subida de, aproximadamente, 20% em relação ao ano anterior e, em oposição, os
portugueses gastaram 4,3 mil milhões de euros, o que perfaz um balanço positivo
próximo dos 11 mil milhões de euros. Se estendermos o período em análise e compararmos
o ano de 2000 com o ano de 2017, vemos que, em 17 anos, as receitas
provenientes do turismo aumentaram quase 10 mil milhões de euros. Tal permitiu
que a economia portuguesa recuperasse e contribuiu, de forma significativa,
para a criação de emprego, uma vez que o número de alojamentos turísticos
aumentou consideravelmente; no ano 2000, o país contava com 2684
estabelecimentos (no conjunto de hotéis, parques de campismo, pousadas da juventude
e turismo de habitação) e, em 2017, o valor subiu para 7544.
A meu ver, Portugal tornou-se num destino
turístico com grande destaque porque sempre primou pelas excelentes praias, pela
simpatia e pela beleza dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, os quais
totalizam cerca de 14% dos proveitos totais dos estabelecimentos hoteleiros. Para
além disso, dispomos hoje de um território com recursos turísticos e infra-estruturas
de suporte mais qualificadas, com novas e renovadas formas de alojamento, de um
aumento da oferta de atividades de animação turística e de ligações aéreas, de
um merecido reconhecimento a nível internacional nas diversas áreas do turismo
e de uma maior visibilidade graças a conquistas como a vitória da Eurovisão e
do campeonato europeu de futebol.
No
entanto, agora, em 2018, a propensão está a mudar, uma vez que, apesar do ritmo
de crescimento acelerado alcançado nos meses de época baixa, na época alta o
setor está a dar sinais de desaceleração. De acordo com o Instituto Nacional de
Estatística, durante o primeiro trimestre, o número de hóspedes e de dormidas em
época baixa cresceu, em ambos os casos, a uma média de 7% em termos homólogos,
o que ajuda a combater os efeitos da sazonalidade e pode também contribuir para
o aumento da contratação de trabalho, uma vez que as pessoas passam a ser contratadas
para o ano todo. Em contrapartida, em época alta, o número de hóspedes diminuiu
0,2% em Junho e 2,1% em Julho e o número de dormidas caiu 3,% e 2,7%,
respetivamente.
Outra
meta que foi alcançada foi a da diversificação dos destinos, isto porque
enquanto o turismo aumentou nos destinos com menor procura, nos destinos mais
procurados o turismo abrandou. Como prova, vemos que o Alentejo era das regiões
com menor peso no setor e, este ano, está a ser a zona que está a crescer mais,
contando, durante os 7 primeiros meses do ano, com um aumento do número de
hóspedes em 6% e nas dormidas em 5%; o mesmo aconteceu com a zona norte, que,
durante este período, teve um aumento, em ambos os casos, de 5%. Em oposição, a
zona de Lisboa apresentou um abrandamento considerável, aumentando apenas 2% o
número de hóspedes e dormidas, e ainda numa pior situação, aparece o Algarve,
que registou uma quebra, com o número de hóspedes a diminuir 0,3% e as dormidas
a reduzirem-se em 2%.
Ainda
assim, as receitas turísticas continuam a aumentar a dois dígitos, o que
significa que os operadores do setor estão a conseguir praticar preços cada vez
mais elevados, levando a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a
dizer que esta situação não é preocupante, uma vez que Portugal já não tem
margem para crescer no Verão e que, portanto, o objetivo é precisamente crescer
na época baixa, tal como está a acontecer. Na minha opinião, tal deve-se, entre
outras razões, às mudanças climáticas, que fazem com que os turistas já não
sintam necessidade de vir para Portugal apenas na época alta, à subida do custo
de vida em Lisboa e no Algarve, fazendo com que decidam explorar outras
cidades, às apostas em retiros e resorts
fora
dos grandes centros como forma de dinamizar o meio rural e à criação de
festivais e espetáculos em zonas não tão conhecidas.
Ana Carolina Gonçalves Viana de Sá
Bibliografia:
PORDATA
Economia Online
Instituto Nacional de Estatística
TSF- Rádio Notícias
Economia Online
Instituto Nacional de Estatística
TSF- Rádio Notícias
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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