terça-feira, 9 de outubro de 2018

Envelhecimento Demográfico e a Sustentabilidade da Segurança Social

Um dos problemas com que se defronta a sociedade portuguesa é a situação demográfica do país. Com a esperança média de vida sempre a aumentar e a baixa taxa de natalidade, deparamo-nos com um envelhecimento demográfico da população portuguesa. Isto traduz-se numa diminuição da população ativa e aumento da inativa: passam a existir menos indivíduos a pagar as suas contribuições para a Segurança Social e mais indivíduos a usufruir de pensões, ou seja, existe mais dinheiro a sair do que a entrar nas contas da Segurança Social.
Não sendo este um problema especificamente português, a verdade é que os dados e as projeções existentes (atualizadas em março de 2017 pelo INE) confirmam que se mantém o agravamento do envelhecimento demográfico, e que só tenderá a estabilizar daqui a cerca de 40 anos. Este cenário justifica uma atenção, em geral, às políticas de proteção social e, em particular, ao nosso sistema público de pensões. O sistema de pensões absorve já hoje cerca de 80% dos montantes entregues à Segurança Social (regime contributivo), contudo, se nada for feito, esse valor será claramente insuficiente para combater as necessidades futuras.
O sistema de pensões vigente é, neste momento, fracamente sustentável, pois o número de contribuintes para a segurança social encontra-se progressivamente a diminuir, enquanto o número de beneficiários está gradualmente a aumentar. Sempre que falamos de envelhecimento da população associámo-lo de forma direta ao agravamento das despesas sociais, nomeadamente com a proteção social e, em particular, com as pensões de velhice. Esta questão remete-nos para a incerteza de insustentabilidade do sistema de segurança social, para o agravamento das pensões de velhice ou de reforma e para o aumento progressivo do esforço contributivo.
O peso da população idosa ameaça a sustentabilidade da Segurança Social não apenas pelo aumento do número de pensões mas também pela procura de recursos de saúde, juntamente com uma diminuição da população ativa e, por isso, das contribuições para o sistema de Segurança Social. Contudo, estas variações demográficas terão também implicações nas finanças públicas, em termos de reformas, de despesas de saúde e com cuidados prolongados, bem como de outros custos com o envelhecimento. Grande parte do suporte fornecido à população idosa é da responsabilidade do sistema da Segurança Social, pelo que se verifica uma enorme pressão exercida sobre este sistema. Deste modo, o sistema atual da Segurança Social terá que ser alterado e terão que ser pensadas soluções e medidas concretas para reformar o sistema da Segurança Social, proporcionando-lhe estabilidade e sustentabilidade. Essas medidas poderão passar, por exemplo, por incentivos à natalidade. Contudo, dado o agravamento da situação, provavelmente terão de ser tomadas medidas mais radicais.
Nos últimos anos, esta situação era ainda pior dada a elevada taxa de desemprego. A elevada taxa de desemprego levava a que a população ativa fosse ainda menor, como tal eram menos indivíduos a contribuir, e os encargos da Segurança Social eram ainda maiores, dados os subsídios de desemprego e outras contribuições. No entanto, está-se a registar uma melhoria na taxa de desemprego, o que alivia um pouco a pressão exercida sobre o sistema. Mesmo assim, os problemas demográficos continuam a levar a uma inviabilidade do atual sistema de Segurança Social a prazo.
Podemos concluir que terão de ser tomadas medidas antes que o sistema da Segurança Social, tal como o conhecemos hoje, seja totalmente insustentável devido ao envelhecimento da população e consequente diminuição da população ativa.

Ana Patrícia Costa Alves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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