terça-feira, 9 de outubro de 2018

Poupar? Para Quando?

Poupança é algo que infelizmente não está ao alcance de muitas famílias Portuguesas, mas o que é contabilizado realmente como poupança? Poupança ou poupar pode ser definido pelo ato de não gastar hoje para gastar mais tarde.
Embora na integra a poupança seja algo fácil de se fazer, em Portugal a taxa de poupança das famílias é muito baixa e nos últimos anos sempre teve tendência de descer cada vez mais. Perante os dados disponibilizados pela PORDATA, a taxa de poupança tem decrescido gradualmente desde 1995, sendo na altura de 12,9%, para uns atuais 5,1%, correspondentes ao ano de 2017. Os únicos momentos em que se viu a taxa de poupança das famílias portuguesas contrariar a sua queda foi em 1998 (12,3%), 2009 (10,9%) e, por fim, 2012/2013 (8,3%).
Acima de tudo, as principais causas para esta grande queda estão relacionadas com os rendimentos disponíveis das famílias portuguesas, a sua educação e ideais do que fazer com o dinheiro, e a falta de incentivos para a poupança em si.
Segundo dados da Eurofound (Fundação Europeia  para a Melhoria das Condições de Vida e do Trabalho), 23% dos trabalhadores portugueses recebe a remuneração mínima permitida por lei, sendo um dos valores mais altos da abrangência do salário mínimo em toda a Europa, apenas claramente ultrapassado pela Roménia e Estónia. Embora o salário mínimo Português esteja nos 580 euros mensais, a carga fiscal existente limita bastante o orçamento, sendo que não é algo aleatório o facto de as receitas fiscais do Governo atual terem subido de tal forma, arrecadando mais 1334 milhões de euros a partir da colecta fiscal nos primeiros 8 meses do ano de 2018, quando comparado com o mesmo período em 2017. Tal acaba por provocar o aumento do peso das despesas em consumo das famílias, tendo em conta o seu rendimento disponível, afetando assim a sua poupança bruta.
No caso da educação e ideais, a população portuguesa baseia-se muito no facto de o futuro ser incerto e distante, e como tal prefere gastar no momento o seu dinheiro em consumo pois acham que restringir as suas vidas no presente para o uso num futuro distante é algo sem cabimento. Tal é um fenómeno das mais recentes gerações, que vivem de uma forma mais consumista, não tendo em conta a imprevisibilidade do futuro, enquanto que as gerações mais velhas, na sua maioria, sempre viveram com a ideia de que a poupança era o mais importante e correto de se fazer, pois sabiam que era a melhor forma de se precaverem de problemas como o desemprego, acidentes, doença, ou despesas não espectáveis.
Como tal, é de grande importância o combate a estes fatores que afetam assim a poupança dos portugueses. Deste modo, é mais do que necessária a implementação de várias medidas que combatam esta tendência.
Na minha opinião, dentro da área dos encargos fiscais, algo que poderia ajudar no aumento das poupanças seria a diminuição dos impostos sobre os bens essenciais e, para compensar tal perda para o Estado, poderiam subir os impostos sobre os bens considerados de luxo, o que acabaria por desencorajar os gastos em bens desnecessários e possivelmente canalizar esses rendimentos para a poupança.
Outra medida, desta vez ligada diretamente ao salário auferido pelas famílias, é a aplicação de uma percentagem, sendo o ideal 10%, para a poupança, embora a avaliação da parcela destinada à poupança deva ser calculada tendo em conta as possibilidades das pessoas nos seus diferentes casos, tornando assim a poupança numa prioridade para as famílias portuguesas.
Contudo, o mais importante seria um ato de formação para a população em geral, mas especialmente às gerações mais novas, sobre a importância da poupança, como a efetuar e, acima de tudo, como a aplicar em qualquer tipo de investimento, pois é preciso conhecer as regras para um investimento responsável, já que uma informação errada ou insuficiente pode originar perdas e riscos elevados, que no fundo são desnecessários.

André Filipe Vilas Boas Ferreira

Bibliografia:
·        Pordata
·        Eurofound

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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