Tal como sabemos, a
população portuguesa apresenta uma estrutura etária muito envelhecida, tendo
sido considerada, em 2017, a segunda mais envelhecida da União Europeia. Estes
dados causam uma série de problemas que estão direta e indiretamente ligados,
visto que não existe uma solução clara que não afete outras variantes da
sociedade e da economia.
Primeiramente, podemos
afirmar que, segundo dados de 2017, a população portuguesa viu o seu grupo
etário mais jovem (crianças até aos 14 anos) decrescer de forma mais acelerada a
partir de 1985. Dados do Pordata mostram que a população infantil portuguesa
diminuiu 14,6 pontos percentuais desde 1971. Por outro lado, a população com
mais de 65 anos aumentou em 11,6 pontos percentuais, tendo tido a população em
idade ativa um pequeno aumento, mas nada significativo, e aqui surge o
problema.
O sistema de segurança
social português tem como base o desconto que trabalhadores fazem para quando,
futuramente, forem reformados terem um rendimento mensal assegurado, conforme o
trabalho que exerceram durante a sua vida ativa. O que se começa a verificar é
então que daqui a uns anos a população empregada atual não terá o devido
recebimento e será prejudicada, isto porque, tal como se começa a verificar-se
nos dias de hoje, a população em idade ativa tem de suportar todas as pensões e
subsídios de desemprego da segurança social, tendo ainda de investir na
educação das suas crianças. Por outras palavras e simplificando, nem toda a
população em idade ativa trabalha, a taxa de emprego portuguesa é de 53,6%, o
que significa por cada 100 pessoas em idade ativa, apenas cerca de 54 trabalham.
Esta parte da população ativa é que cria recursos para o funcionamento da
segurança social. Porém, este é um número muito baixo.
Das remunerações destes
indivíduos, para além de saírem descontos que asseguram subsídios de desemprego
e pensões, uma boa parte é investida na educação dos filhos que estudam cada
vez mais por mais tempo, e, assim, este grupo de trabalhadores é que sustenta
todo o resto da população, ficando com pouco para poupanças que consigam
garantir uma qualidade de vida melhor na idade de reforma, dado o facto de que
o valor médio das pensões nos dias de hoje tender a diminuir e as poupanças ao
longo da vida representarem um apoio bastante importante para a manutenção do
nível de bem-estar na idade mais avançada.
Visto que a parte mais
baixa da pirâmide etária portuguesa está a diminuir consideravelmente, este
problema que agora temos vai-se agravar. O colapso da segurança social não é
algo que surpreenda a população. Contudo, este problema é atualmente agravado
pelo que JP chamou em 2016 de “Fuga de cérebro”. Este fenómeno descreve o facto
da população portuguesa, após atingir altos níveis de ensino, sair do pais para
arranjar emprego e melhores condições de trabalho. Por um lado, é compreensível
que a idade de reforma aumente para que se consigam evitar grandes números de
pensões, por outro lado, tal causa incentivo à população mais jovem emigrar,
nomeadamente os que têm qualificações mais altas.
Em suma, o tema abordado
é muito sensível e alterações nas suas políticas podem trazer muitas
consequências para toda a economia e bem-estar da população. Porém, na minha
opinião, devia ser algo realmente discutido com o objetivo de ser realmente
solucionado, mas lentamente, porque pode ter consequências muito negativas no
futuro e tornar-se num problema de ainda maior seriedade. Contudo, e consoante
o tempo passa, o problema agrava-se, afetando cada vez mais portugueses. Futuramente,
a segurança social pode tender a falir se não forem tomadas medidas corretas,
medidas estas que, a meu ver, passam pela criação de turnos e diminuição de
horas de trabalho e, talvez, até a criação de um setor intermédio para pessoas
de mais idade, de maneira que estas conseguissem passar o seu cargo a jovens
adultos que pretendam entrar pela primeira vez no mercado de trabalho.
Ana
Isabel Araújo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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