quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Irá o envelhecimento arruinar o Serviço Nacional de Saúde?

Atualmente, o envelhecimento da população é um dos maiores desafios que a Europa enfrenta. Portugal não escapa à regra: é mesmo um dos países mais envelhecidos do continente. Dados relativos aos índices de envelhecimento da população portuguesa, disponibilizados pelo PORDATA, revelam que, com o passar dos anos, existe um maior número de idosos por cada 100 jovens. Será este um entrave à sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde(SNS)?
Tendo em conta que o consumo e gastos de saúde tendem a aumentar com a idade, o facto de o índice de envelhecimento ter vindo a aumentar pode causar algum “desconforto” ao normal funcionamento do SNS, segundo alguns especialistas. Partindo do pressuposto de que uma pessoa idosa é mais dependente e possui mais doenças, isto provocará um aumento da “corrida” aos serviços hospitalares, gerando problemas a dois níveis: por um lado, o anormal funcionamento dos serviços hospitalares; e, por outro, pode diminuir a acessibilidade aos cuidados de saúde primários, geralmente prestados pelos Centros de Saúde, na medida em que se existir um número demasiado elevado de utentes nos hospitais, terá de existir uma alocação de verbas, equipamentos e recursos humanos direcionados primordialmente aos mesmos.
No entanto, este é um tema que gera alguma controvérsia e se analisarmos esta questão através de outra lente, o cenário apresentado pode mudar e tornar-se menos negro.
Um aumento do índice de envelhecimento pode não implicar um aumento dos gastos e “uso” de saúde. Na verdade, é complicado perceber o impacto do envelhecimento da população nas despesas em saúde, isto porque tudo depende da forma como as pessoas envelhecem, ou seja, se vivem mais anos saudáveis ou doentes. Nos dias que correm, uma pessoa com 65 anos é considerada relativamente saudável e não precisa de cuidados assim tão diferentes dos que precisava há 10 ou 15 anos.
Posto isto, apesar do envelhecimento não arruinar o SNS, é necessário que este evolua no sentido das necessidades que a população apresenta e mude o tipo de serviços e a maneira como os presta. Um envelhecimento crescente da população exige a existência de mais cuidados continuados, além de cuidados de proximidade, nomeadamente cuidados domiciliários e sistemas de telemonitorização e telemedicina, sendo, portanto, necessária inovação tecnológica.
Além disso, é essencial apostar na prevenção e em estilos de vida saudáveis desde as idades mais jovens.
Concluindo, o desafio primordial do envelhecimento recai sobre o modelo de organização do SNS e a solução que este oferece às carências da população.

Bárbara Coelho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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