Atualmente, o
envelhecimento da população é um dos maiores desafios que a Europa enfrenta. Portugal
não escapa à regra: é mesmo um dos países mais envelhecidos do continente. Dados
relativos aos índices de envelhecimento da população portuguesa,
disponibilizados pelo PORDATA, revelam que, com o passar dos anos, existe um
maior número de idosos por cada 100 jovens. Será este um entrave à
sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde(SNS)?
Tendo em conta que o
consumo e gastos de saúde tendem a aumentar com a idade, o facto de o índice de
envelhecimento ter vindo a aumentar pode causar algum “desconforto” ao normal
funcionamento do SNS, segundo alguns especialistas. Partindo do pressuposto de
que uma pessoa idosa é mais dependente e possui mais doenças, isto provocará um
aumento da “corrida” aos serviços hospitalares, gerando problemas a dois
níveis: por um lado, o anormal funcionamento dos serviços hospitalares; e, por
outro, pode diminuir a acessibilidade aos cuidados de saúde primários,
geralmente prestados pelos Centros de Saúde, na medida em que se existir um
número demasiado elevado de utentes nos hospitais, terá de existir uma alocação
de verbas, equipamentos e recursos humanos direcionados primordialmente aos
mesmos.
No entanto, este é um tema
que gera alguma controvérsia e se analisarmos esta questão através de outra
lente, o cenário apresentado pode mudar e tornar-se menos negro.
Um aumento do índice de
envelhecimento pode não implicar um aumento dos gastos e “uso” de saúde. Na
verdade, é complicado perceber o impacto do envelhecimento da população nas
despesas em saúde, isto porque tudo depende da forma como as pessoas
envelhecem, ou seja, se vivem mais anos saudáveis ou doentes. Nos dias que
correm, uma pessoa com 65 anos é considerada relativamente saudável e não
precisa de cuidados assim tão diferentes dos que precisava há 10 ou 15 anos.
Posto isto, apesar do
envelhecimento não arruinar o SNS, é necessário que este evolua no sentido das
necessidades que a população apresenta e mude o tipo de serviços e a maneira
como os presta. Um envelhecimento crescente da
população exige a existência de mais cuidados continuados, além de cuidados de
proximidade, nomeadamente cuidados domiciliários e sistemas de
telemonitorização e telemedicina, sendo, portanto, necessária inovação
tecnológica.
Além disso, é
essencial apostar na prevenção e em estilos de vida saudáveis desde as idades
mais jovens.
Concluindo, o
desafio primordial do envelhecimento recai sobre o modelo de organização do SNS
e a solução que este oferece às carências da população.
Bárbara Coelho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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