quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Verde, como o dinheiro, e… como a Economia?

Foram inúmeros os anos em que, de modo a potenciar o crescimento económico, a utilização dos recursos naturais foi feita de forma irrefletida, quase irresponsável, como se eles fossem ilimitados, o que levou a uma crise dos mesmos e, consequentemente, à ameaça iminente de escassez e subida de preços. Assim, é premente atuar de forma sustentável, de forma a melhorar o futuro, e é necessário fazê-lo já. Na verdade, recentemente, António Guterres alertou que temos apenas dois anos para lutar contra as alterações climáticas.
Surgiu, então, o conceito de Economia Verde, a partir da Rio-92, que é definida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo que reduz os riscos ambientais e escassez ecológica”, e que é caraterizada por baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e busca de inclusão social.
São muitos os aspetos que podemos melhorar para atingir esta Economia Verde. A meu ver, o conceito de sustentabilidade já está presente em vários lugares, como por exemplo no mundo empresarial: para exemplificar, depois de apresentadas as medidas da União Europeia para combater o excesso de plástico, alguns líderes de fast food como o McDonald’s e o Burger King já estão, em alguns países como o Reino Unido, a adotar medidas alternativas às palhinhas de plástico, como a utilização de papel ou vidro. Também os privados, em Portugal, como a EDP e a Efacec, querem ter a sua quota parte na implementação de uma economia mais verde, estando a trabalhar em projetos de mobilidade que ambicionam usar soluções livres de emissões de CO2. Mas mesmo nas pessoas singulares já se vê uma maior preocupação em encontrar medidas mais verdes nos diversos aspetos do dia-a-dia.
Observando o panorama nacional referente a esta temática, ainda este mês, durante a Lisbon Mobi Summit, o ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, corroborou que Portugal está na linha da frente no combate às alterações climáticas, afirmação essa que assegura que o país está, de facto, a esforçar-se para ter papel preponderante na luta para travar os efeitos do aquecimento global. Matos Fernandes recordou que Portugal foi um dos primeiros países a ratificar o Acordo de Paris. Em 2016, foi traçada uma das metas mais ambiciosas de sempre para travar os efeitos do aquecimento global: neutralizar, a partir de 2050, as emissões de dióxido de carbono (CO2) emitidas para a atmosfera, “Uma verdadeira transformação socioeconómica”, nas palavras do ministro, porque as emissões de Portugal têm de baixar das 67,8 megatoneladas de CO2 para cerca de 10 megatoneladas de CO2, que terão de ser absorvidas pela floresta.
Relativamente às políticas do Governo, os transportes são o principal alvo, pois são eles que são responsáveis por mais de um quarto das emissões. 720 milhões de euros é a quantia direcionada para, nos próximos cinco anos, tornar os transportes públicos, os automóveis particulares e frotas mais eletrificados. Esse plano de investimento do Governo inclui, por exemplo: a compra de 516 autocarros com muito baixas emissões; o financiamento, em 110 milhões de euros para o metro de Lisboa adquirir 14 novas unidades triplas elétricas; o apoio, em mais de 55 milhões de euros, para a CP encomendar 22 novos comboios regionais; a ajuda para a renovação do parque automóvel dos taxistas; e ainda os incentivos, de 2,25 milhões de euros por ano, para particulares e empresas comprarem automóveis elétricos.
A título pessoal, tenho observado em Braga essa tentativa de combater as emissões nefastas dos transportes para o ambiente: houve, este ano, uma requalificação e expansão dos 5 km da ciclovia da variante da encosta, provavelmente numa tentativa de atrair mais cidadãos à utilização das bicicletas em substituição de meios mais poluidores; bem como a aquisição de uma frota de 6 autocarros elétricos de emissão zero.
Em suma, como se pode ver através da própria definição, a Economia Verde vai muito além das questões ambientais, centra-se, sim, na pessoa e na sociedade. Isto porque no futuro continuarão a existir pessoas e é nelas que temos que pensar, no que lhes vamos deixar como herança, no futuro que nós queremos. A questão prende-se com o quanto estamos dispostos a ser altruístas e preocupar-nos com a nossa pegada ambiental, a longo-prazo. Mas eu acredito na humanidade.

Rita Inês Cunha Meira Carvalho
[Bibliografia]
·        Dinheiro Vivo
·        Mobi Lisbon Summit
·        Jornal económico
·        Economia Verde 2020 – Desafios e Oportunidades para as Empresas

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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