quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Portugal na era das criptomoedas

      O fenómeno da bitcoin surgiu em 2008, sendo esta a primeira moeda digital descentralizada. Porém, o que realmente significa isto? Essencialmente, esta moeda pode ser permutada através da internet, sem necessidade de intermediários, o que se traduz em taxas reduzidas, para além de que pode ser trocada em qualquer parte do mundo, não existindo requisitos nem limites para a mesma, podendo ser convertida em qualquer moeda de curso legal. Com tantas vantagens, este conceito um pouco abstrato veio facilitar a vida dos seus utilizadores de uma maneira revolucionária. Quem não ficou tão contente com a notícia foram, efetivamente, os bancos.
O valor da bitcoin oscila rapidamente. Tanto pode ser uma fonte de rendimento rápido como uma forma de perder tudo o que se investe rapidamente, assemelhando-se ao funcionamento da bolsa. Neste sentido, o Banco Central revela algumas dúvidas face a este fenómeno e acautela os seus utilizadores. Mario Draghi, no início deste ano, revelou que o Banco Central Europeu não está, de todo, entusiasmado e interessado em criptomoedas e que estas não são apoiadas por nenhum banco central ou Governo, alertando para os riscos que as mesmas podem trazer, graças à sua volatilidade. Contudo, o presidente do BCE elogia a inovação e não descarta a possibilidade de serem utilizadas no futuro, especialmente a tecnologia por detrás da bitcoin, a blockchain, o que este considera “uma tecnologia nova e promissora, que provavelmente apoiará a economia e trará muitos benefícios”.
Efetivamente, em abril, fundou-se a european blockchain partnership (EBP), com 21 países europeus.  Atualmente, conta com 26 países membros, sendo Portugal um dos fundadores. O principal objetivo desta parceria é potencializar o blockchain, sendo este um sistema onde ficam registadas todas as transações virtuais, como que um banco de dados, só que muito mais seguro e impenetrável. Mariya Gabriel, Comissária Europeia para a Economia e Sociedade, revela na formação desta parceria europeia que, “no futuro, todos os serviços públicos usarão a tecnologia blockchain”, sendo que esta deve ser utilizado pela EBP como uma “maneira de melhorar os sistemas de informação, promover a confiança dos utilizadores, criar novas oportunidades de negócio e criar novas áreas de liderança”.
Em Portugal, este assunto já se começou a enraizar, havendo muitos portugueses que já lucraram com a bitcoin em 2017. Contudo, o Governador do Banco de Portugal afirma que esta deve ser vista como um ativo e não como uma moeda, ressalvando sempre os perigos associados. Todavia, existem já algumas moedas digitais portuguesas apresentadas por empresas, como a eSolidar, que criou uma criptomoeda para fins solidários, ou então a Aptoide, uma plataforma de distribuição de aplicações para Android, que lançou a sua moeda virtual no início do ano, tornando-se rapidamente uma das mais valiosas.
Deste modo, resta saber qual será o futuro das criptomoedas e os entraves que poderão trazer aos bancos e governos. Será a bitcoin, entre outras moedas digitais, o futuro ou apenas uma inovação que findará rapidamente? Efetivamente, troca de moeda pela internet sem nenhuma regulação ou supervisão pode ser perigoso, mas devem os bancos temer esta inovação ou recebê-la de braços abertos? A verdade é que a tecnologia por detrás destas criptomoedas já despertou o interesse de vários países. Resta-nos agora esperar e ver o que sucederá.

Joana Isabel de Almeida Gonçalo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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