segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Ter um teto sem ter dinheiro

Atualmente, em Portugal, um dos temas mais debatidos são os preços exorbitantes das rendas das habitações. Os mais lesados com esta crise imobiliária estão a ser os estudantes universitários. Um quarto, sem contrato e sem despesas incluídas, em Lisboa, em média, pode rondar os 450€, sendo que já é comum atingir os 600€. Este valores elevados para o alojamento, somando aos gastos em propinas, alimentação, transportes e material escolar, definem um orçamento mensal completamente absurdo para ser suportado por algumas famílias portuguesas. Esta situação é preocupante uma vez que pode impossibilitar vários estudantes de ingressar no ensino superior na cidade de preferência.
No entanto, esta situação também afeta as pessoas que procuram casa para habitação permanente, tendo de optar por casas mais pequenas e nos arredores das grandes cidades, fugindo dos centros. Pensando na alternativa ao arrendamento, a compra de casa também não é um processo simples, uma vez que os empréstimos bancários também não são facilmente autorizados, tendo os jovens ainda mais dificuldade. Para além disso, os jovens não se sentem tão confortáveis em fazer esse investimento e fixar-se imediatamente numa cidade, pois o emprego com região fixa nem sempre é assegurado.
Segundo o Eurostat, Portugal regista a terceira maior subida dos preços da habitação entre Estados-membros da união Europeia (cerca de 11,2%). Somente a Eslovénia (13.4%) e a Irlanda (12.6%) registaram valores superiores aos portugueses.
Uma das razões consideradas para estes valores foi o boom no turismo no território português. A elevada procura e visita a Portugal levou à substituição dos espaços de habitação permanente por alojamentos turísticos de curta duração. Para além disso, a reabilitação de edifícios degradados elevou as rendas.
Este é um tema bastante preocupante porque vários jovens sentem-se incapazes de se tornarem independentes, sair da casa dos pais e ter a sua própria habitação, uma vez que o valor que lhes é pedido acaba, por vezes, por ser superior ao seu salário.
O Governo procura encontrar soluções para controlar as rendas cobradas. Contudo, o futuro não parece promissor pois a subida dos preços não parece estar a abrandar. Pelo contrário, de acordo com os dados do INE (Instituto Nacional de Estatística), prevê-se um aumento de 1,15% nos valores das rendas, em 2019.
É necessário e urgente a criação de medidas, pois várias questões são lançadas: que acontecerá à sobrevalorização dos imóveis se o turismo diminuir? Onde vão morar os jovens portugueses? Arrendar ou comprar, qual é preferível? Cidades com famílias portuguesas ou cidades de turistas?

Ana Rita Jordão Macedo

Bibliografia:
- Artigos no site Sábado
- Artigos no site Eco
- INE

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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