Segundo o Boletim
Mensal de Estatística (INE) de agosto de 2018, os desempregados dividem-se em
dois grupos: os que procuram o 1º emprego e aqueles que procuram novo emprego.
Os primeiros totalizavam 42200 indivíduos enquanto os segundos representavam
309600 (valores do 2º trimestre de 2018). Comparando com o mesmo período de
2017, verifica-se uma descida em ambos os valores. Quanto à duração da procura
de emprego, a maioria apresenta períodos inferiores a 12 meses (168000
indivíduos), no entanto há ainda uma fatia considerável cujo tempo de espera ultrapassa
os 36 meses (96400 indivíduos), sendo assim algo preocupante. Relativamente ao
setor da última atividade dos desempregados, a indústria, construção, energia e
água aparecem com 83900 pessoas, enquanto que os serviços representam a maioria,
totalizando 190400 indivíduos.
No que se refere à
discriminação por sexo do indivíduo, constata-se que a taxa de desemprego nas
mulheres é sempre superior à dos homens, onde até a taxa total raramente
ultrapassa o valor do sexo feminino. Relativamente ao ano de 2017, os valores
da taxa de desemprego eram de 8,4% nos homens, 9,4% nas mulheres e 8,9% no
total de indivíduos.
Portugal tem registado
valores bastante satisfatórios relativamente ao desemprego, que apresenta uma
tendência decrescente nos últimos anos. Em julho deste ano, a taxa estabilizou
nos 6,8% (mesmo valor de junho de 2018 e -2,1 p.p. relativamente a julho de
2017), correspondendo ao nível mais reduzido desde setembro de 2002. Portugal
registou assim a terceira maior descida da União Europeia (UE) e, segundo o
Eurostat, apenas a Grécia e o Chipre registaram descidas mais acentuadas. As
menores taxas de desemprego observaram-se na República Checa (2,3%), Alemanha
(3,4%) e Polónia (3,5%) e as mais elevadas na Grécia (19,5%, em maio) e em
Espanha (15,1%).
Em
agosto, Portugal manteve a meta dos dois meses antecedentes (6,8%), que se
localizou, inclusive, abaixo da média da zona euro, onde se registou uma taxa
de 8,1% (-0,9% p.p. relativamente a agosto de 2017). O país acompanhou ainda os
6,8% da UE, registando a quarta maior descida homóloga (-2 p.p.). Chipre,
Croácia e Grécia juntam-se a Portugal neste top 4. Com taxas de desemprego mais
baixas encontramos novamente a República Checa, Alemanha e Polónia, e com taxas
mais elevadas a Grécia e a Espanha.
Os dados do Eurostat,
ajustados de sazonalidade, indicam ainda que em agosto de 2018 a taxa de
desemprego jovem (menores de 25 anos) foi estimada em 19,5% (-0,2 p.p. em
relação a julho 2018), reduzindo-se em termos homólogos 5,2 p.p., a segunda
maior descida da UE. Apenas a Letónia apresentou melhores resultados (-7 p.p.),
assentando nos 8,4% (agosto 2018), valores abaixo dos portugueses, que detêm,
ainda assim, uma das taxas mais altas da UE. A mesma fonte revelou recentemente
um facto interessante: em cinco Estados membros da UE — Itália, Chipre, Reino
Unido, Irlanda e Portugal — a taxa de desemprego nas cidades entre as pessoas
nascidas noutros Estados membros foi inferior à referente a pessoas nascidas
nos países reportados.
O comissário europeu dos
Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, destacou, em setembro de 2018, a
“melhoria espetacular” do desemprego em Portugal, que se estabeleceu abaixo dos
níveis da Zona Euro. Moscovici comentou que “as coisas vão no caminho certo,
ainda que sejam necessárias algumas reformas, mas que estão programadas”. Na
minha opinião, o comissário deixou importantes conselhos ao país, considerando
que o Governo deve focar-se em “melhorar os níveis de qualificações” dos
portugueses “e tornar o mercado de trabalho mais inclusivo”. Jeffrey Franks,
diretor regional do FMI para a UE, também teceu indicações sobre a economia
portuguesa, referindo que o país deve “aumentar a produtividade” com reformas
estruturais que promovam o desenvolvimento da investigação, educação e
investimento. Para Jeffrey, que recordou que Portugal em 2017, ao crescer 2,7%,
acima da média da Zona Euro (2,3%), dava indicações fundamentais para garantir
uma convergência “sustentável no futuro”.
Marta
Oliveiros
[artigo de opinião escrito no âmbito da Unidade Curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano (1º ciclo) do curso de Economia da EEG/Universidade do Minho]
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