Hoje
em dia, estamos perante o advento de uma revolução tecnológica que poderá mudar
radicalmente o mercado de trabalho. Segundo a consultora Gartner, até 2025 um terço dos empregos terá sido substituído por
robôs/inteligência artificial, e a OCDE afirma que 57% dos empregos do mundo
estão ameaçados pelas novas tecnologias. Estas perspetivas criam uma pressão
social devido às desigualdades que podem gerar e à sustentabilidade da
segurança social.
Devido
à substituição de trabalhadores por máquinas, o governo perde parte das suas
receitas fiscais, por outro lado, espera-se que a automação crie novas funções que
passarão a ser taxadas, compensando as perdas mencionadas. Relativamente aos
trabalhadores substituídos, a sociedade terá de encontrar formas de os reinserir
no mercado de trabalho, evitando que grande parte da população fique numa
situação de desemprego permanente.
Como
resposta a este problema, Bill Gates, fundador da Microsoft sugeriu que os governos criassem um imposto sobre os
robôs, de forma a aumentar os serviços sociais de apoio aos trabalhadores cujos
empregos foram automatizados e a subsidiar empregos que exigem empatia humana,
como cuidar de crianças e idosos. Esta ideia foi totalmente posta de parte por Andrus
Ansip, Comissário Europeu com a pasta do Mercado Único Digital, que considera
inapropriado taxar o progresso e que pensa que, ao fazê-lo, estar-se-ia a desincentivar
a fixação das novas tecnologias na Europa e a comprometer a implementação de
inovações que estas poderiam introduzir. Na sua opinião, a solução passaria por
educar e capacitar os trabalhadores para as tarefas e empregos criados pela
tecnologia.
Outra
alternativa possível seria estabelecer um rendimento básico universal, solução
estudada por países como Holanda e Finlândia e apoiada por Martin Ford, autor
do livro “RIse of the Robots”, que acredita que o mundo enfrentará um período
de desemprego em massa e que isso causará um colapso financeiro.
Não
havendo um consenso sobre o assunto, Sérgio Rebelo, da Kellogg School of Management, juntamente com outros académicos, tentaram
identificar qual seria a solução que mais beneficiaria a sociedade. Os estudos
revelaram que, conforme as máquinas se forem tornando mais baratas e
eficientes, os trabalhadores de rotina serão forçados a aceitar salários cada
vez mais baixos de forma a conseguirem competir com os robôs, chegando a um
ponto em que o custo das máquinas e o salário dos trabalhadores atingirá o
mesmo nível. Pelo lado inverso, a automação aumenta os salários dos
trabalhadores que executam tarefas não rotineiras. Analisando as soluções, os
investigadores concluíram que um imposto sobre robôs combinado com um
rendimento básico universal resultaria numa economia em que todos beneficiariam
da automação. A consequência de curto prazo dessa política seria uma
desaceleração da automação, mas não uma interrupção e no longo prazo todos os
trabalhadores de rotina acabariam sendo substituídos por robôs, deixando de
fazer sentido tributá-los, pois tornaria a produção ineficiente sem melhorar a
distribuição dos rendimentos.
Do
meu ponto de vista, a revolução tecnológica poderá vir a ser algo muito
positivo caso evolua de forma a que toda a humanidade beneficie de enormes
ganhos de produtividade, aplicando medidas como as apresentadas no parágrafo
anterior ou outras provenientes de ideias que possam vir a surgir e que tenham
como prioridade providenciar a todos os cidadãos uma qualidade de vida
aceitável. Contudo, o meu lado mais cético/pessimista não acredita que este
cenário se vá verificar, mas sim que um número reduzido de pessoas irá tirar
proveito desta revolução tecnológica, originando uma progressiva concentração
dos rendimentos.
Jorge Miguel Carneiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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