sábado, 27 de outubro de 2018

Portugal, um país cada vez mais competitivo?

A recente política da União Europeia dá primazia à competitividade das economias dos países membros. Com isto, é pretendido não só um crescimento elevado da produtividade, mas também que o mesmo seja sustentável. Mas afinal o que é isto da competitividade? Tal pode traduzir-se na competência que um país ou até mesmo uma empresa têm para conseguir colocar no mercado externo um produto/serviço que se distinga dos outros. Nesse sentido, a diferença deve ser relativa, nomeadamente, ao nível de qualidade bem como a nível da competitividade dos preços. Consequentemente, isto proporciona rendimentos e, face aos custos associados à produção dos mesmos, permite a expansão do rendimento real dos seus cidadãos.
No entanto, a dificuldade reside no facto de cada vez mais as empresas necessitarem ter uma visão mais abrangente do mercado e, por isso, são colocados maiores desafios às mesmas, como é o exemplo da melhoria contínua na criatividade.
Tendo uma visão mais macroeconómica, Portugal tem vários entraves no que toca ao aumento da sua competitividade no mercado europeu e mundial. Primeiramente, o tecido empresarial português é muito fragmentado, visto que a maior parte das empresas são pequenas e médias empresas. Segundo o PORDATA, Portugal registou em 2016 cerca de 1,2 milhões de pequenas e médias empresas, sendo cerca de 92% das mesmas de dimensão micro. Além disso, a mão-de-obra é ainda pouco qualificada, apesar das medidas do governo português para o aumento deste aspeto, como é o caso da escolaridade obrigatória até ao 12ºano. Por fim, a burocracia inerente ao governo, bem como os impostos, tornam-se também um obstáculo ao surgimento de startups, por exemplo.
Apesar destes entraves, que se revelam determinantes na progressão da competitividade das organizações, podemos considerar que o nosso país tem tido um bom desempenho no ranking da competitividade, revelado pelo Global Competitiveness Report relativo a 2017–2018. Neste ranking, Portugal obteve o modesto 42º lugar, num total de 137 países participantes, destacando-se a sua subida de 4 posições face ao ano anterior. Porém, um melhor lugar foi conseguido no ranking relativo a 2014-2015 (36ºlugar), após a devastadora queda acontecida a partir de 2006. O ciclo negativo compreendido entre 2006 e 2013, onde a competitividade atingiu a 51ª posição, é fruto das condições económicas na sequência da crise financeira.
         De destacar o papel fundamental do acordo de parceria adotado entre Portugal e a Comissão Europeia, “Portugal 2020”, onde reúne a atuação de 5 fundos europeus: FEDER, Fundo de Coesão, FSE, FEADER e FEAMP, permitindo a melhoria da posição portuguesa no que respeita à competitividade.
No topo do ranking está a Suíça seguindo-se dpaíses como Estados Unidos, Singapura, Holanda, Alemanha, Hong Kong, Suécia, Reino Unido, Japão e Finlândia, formando assim o top 10 de países com maior competitividade, pelo que não se revela nenhuma surpresa. Por oposição, o Iémen, país árabe que ocupa o extremo sudoeste da Península Arábica, encontra-se no último lugar deste ranking e, em 136º lugar, Moçambique.
Comparando este resultado com nuestros hermanos e com outro país que sofreu uma crise financeira profunda recentemente, Portugal está ligeiramente abaixo da posição espanhola e 45 posições acima da grega. Não obstante, nem tudo é um benéfico tendo em conta que toda esta dinâmica empresarial pode criar desigualdades salariais quando comparamos o empreendedorismo de necessidade com o de oportunidade, situação abordada no estudo “Dinâmica Empresarial e desigualdades”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Em suma, Portugal revela-se num bom caminho no que toca à competitividade internacional, dado o crescimento da produtividade das empresas. Isto possibilita não só o sucesso da organização como também o sucesso do país onde se insere. Na minha opinião, a posição no próximo ranking manter-se-á favorável uma vez que as condições económicas que o país enfrenta assim o permitem e também, como já referido anteriormente, pelo desenvolvimento do programa “Portugal 2020”.

Célia Santos

Referências:
- PORDATA
- Direção Geral das Atividade Económicas (DGAE)
- World Economic Forum

[artigo de opinião escrito no âmbito da Unidade Curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano (1º ciclo) do curso de Economia da EEG/Universidade do Minho]

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